segunda-feira, julho 29, 2013
sábado, julho 27, 2013
quarta-feira, julho 24, 2013
domingo, julho 21, 2013
quarta-feira, julho 17, 2013
Emblemas históricos (12)... Ponta Delgada Soccer Club
Fall River, cidade norte-americana situada no Estado de Massachusetts que no início do século XX foi destino de milhares de emigrantes portugueses, na sua maioria oriundos dos Açores, que deixavam para trás a miséria de um Portugal em profunda depressão - a diversos níveis - e partiam em busca do sonho americano. Homens e mulheres que ali chegados trabalhavam arduamente, horas a fio, nas muitas fábricas existentes em Fall River. Nesta cidade criaram as suas raízes, casaram, tiveram os seus filhos, e ali morreram. Fall River foi pois o lar adotado por milhares de aventureiros lusitanos, que mesmo deixando para trás o seu amado Portugal fizeram questão de levar consigo na bagagem crenças, costumes, tradições, e atividades bem lusitanas que de certo modo os faziam sentir-se próximos do seu país natal naquela terra tão distante e inicialmente desconhecida. Uma dessas atividades populares - não de origem lusitana mas na época já bem vincada na sociedade do país do sul da Europa - era o futebol, ou como estranhamente era denominado em Terras do Tio Sam, soccer. Para além de portugueses, Fall River era povoada por outras comunidades de imigrantes provenientes do Velho Continente, irlandeses, escoceses, ingleses, ou italianos. E tal como os lusos também estes tinham como paixão o futebol, sendo que aos domingos, dia de descanso após uma longa e dura semana de trabalho, as comunidades destes países juntavam-se para praticar - ou para assistir - o seu desporto de eleição. Não tardou muito pois que aqui e acolá começassem a florir os primeiros clubes idealizados pelos imigrantes europeus, sendo que em 1915 via a luz do dia o Ponta Delgada Soccer Club, que como o próprio nome indica foi fundado por açorianos, na sua maioria oriundos da ilha de S. Miguel. E tal como outros emblemas criados por imigrantes europeus o Ponta Delgada SC teve ao longo da sua vida um papel preponderante na dinamização e popularização do soccer em terras americanas, tendo sido um dos atores principais da chamada golden era (era dourada) do belo jogo nos Estados Unidos da América (EUA).
Foi nos anos 20 que o jogo conheceu de facto a sua primeira grande explosão de popularidade junto do povo norte-americano. Era comum ver-se em volta de uma partida assistências a rondar as 10.000 ou 15.000 pessoas, que vibravam com a arte futebolística das primeiras lendas do soccer dos States, casos de Thomas Swords (o primeiro capitão da seleção nacional dos EUA que disputou o seu primeiro jogo internacional em 1916), de Bert Patenaude, ou de Billy Gonsalves, este último também ele um luso descendente, neste caso filho de pais madeirenses, e que para muitos é ainda hoje considerado o maior jogador norte-americano de todos os tempos (nota: sobre ele o Museu Virtual do Futebol já traçou algumas linhas biográficas noutras viagens ao passado). Grandes dominadores do futebol dos EUA daquele tempo eram a quase esmagadora maioria dos combinados de Fall River, nomeadamente o Fall River Marksmen - clube fundado em 1922, que nesta década venceu por sete vezes o título nacional (American Soccer League) e em quatro ocasiões a taça nacional (National Challenge Cup, atualmente conhecida como US Open Cup) - o Fall River Rovers, ou o Fall River Football Club. Mais do que títulos ganhos todos eles encantaram multidões.
Seria no entanto na década seguinte que o Ponta Delgada Soccer Club iria conhecer os seus primeiros momentos de fama. Curiosamente esta seria uma década de declínio para o soccer, muito por culpa da Grande Depressão que assolou os EUA, a qual provocou o encerramento de inúmeras indústrias, atirando milhares de homens e mulheres para o desemprego. Com isto o futebol sofreu, muitos clubes fecharam portas, outros transferiram-se para cidades maiores e mais abastadas. O soccer perdia furor...
Ponta Delgada SC domina era amadora
Perdia furor mas não morria. Sem dinheiro para alimentar uma liga profissional o jogo percorreria então os caminhos do amadorismo, e neles o Ponta Delgada Soccer Club ganhou algumas corridas. O primeiro grande título conquistado pelo clube de origens portuguesas ocorreu a 1 de maio de 1938, dia em que o clube venceu por 2-1 o Pittsburgh Heidelberg na final da National Amateur Cup, uma espécie de campeonato nacional de amadores. Mas o melhor viria na década seguinte. Munido de um grupo de notáveis jogadores, na sua esmagadora maioria luso descendentes, o Ponta Delgada colecionou títulos atrás de títulos, sendo que entre 1946 e 1948 foi três vezes consecutivas campeão da National Amateur Cup. Em 1946 fez mesmo história no soccer dos EUA, ao tornar-se no primeiro clube a atingir as finais de duas competições distintas no mesmo ano, a National Amateur Cup - a qual venceu, como já vimos, após derrotar na final o Castle Shannon of Pittsburgh por 5-2 - e a National Challenge Cup, em cuja final seria derrotado pelos Chicago Vikings por 1-2. No ano seguinte a equipa voltou a marcar presença nas finais de duas competições distintas, mas desta vez o desfecho foi bem mais feliz: venceu as duas! O Ponta Delgada Soccer Club entrava assim para a história do soccer norte-americano ao tornar-se no primeiro emblema a vencer no mesmo ano duas competições distintas. Na final da National Amateur Cup - disputada em maio desse ano - o clube cilindrou por 10-1 o Saint Louis Carondelets, com o destaque individual a ir para Ed Souza, um dos muitos artistas luso-americanos daquele célebre combinado, atleta que nessa tarde apontou cinco golos. A 31 de agosto, na primeira mão da final da Taça dos EUA (National Challenge Cup) o Ponta Delgada esmagou na primeira mão o Chicago Sparta por 6-1, com golos com sotaque português: Ed Souza (2), John Souza, Ed Valentine, e Joe Ferreira, sendo que outro tento saiu dos pés de John Travis. Nesse histórico encontro o Ponta Delgada SC alinhou com: Walter Romanowicz, Joe Machado, Manuel Martin, Joseph Rego-Costa, Joe Ferreira, Jesse Braga, Frank Moniz, Ed Souza, Ed Valentine, John Souza, e John Travis.
Cerca de uma semana depois, na segunda mão da final, nova vitória foi alcançada, desta feita por 3-2, em Chicago, com tentos de Jim Delgado, Joe Ferreira, e John Travis. A alinhação do Ponta Delgada SC foi a seguinte: Walter Romanowicz, Joe Machado, Manuel Martin, Joseph Rego-Costa, Joe Ferreira, Jesse Braga, Frank Moniz, Ed Souza, Ed Valentine, John Souza, e John Travis.Jogaram ainda Jim Delgado, Joseph Michaels, e Victor Lucianno.
Dobradinha chama à atenção da United States Soccer Federation
A dupla conquista do emblema de ascendência lusitana não deixou ninguém indiferente, muito menos os responsáveis máximos do futebol norte-americano, que nesse ano de 1947 viram a seleção nacional yankee integrar a primeira edição da North American Football Confederation Championship, digamos que a competição antecessora da atual Gold Cup. O certame teve lugar em Cuba, entre 13 a 20 de julho, sendo que para além da equipa da casa e dos EUA o México também figurava no cartaz. Grupo norte-americano que era constituído 100 por cento pelos atletas do Ponta Delgada Soccer Club! A convite da United States Soccer Federation (Federação Norte-Americana de Futebol) os jogadores do clube de Fall River trocaram a sua camisola habitual pela da seleção nacional. Uma honra! O resultado, esse, não foi famoso, já que a viagem a Cuba saldou-se por duas pesadas derrotas, uma por 0-5 ante o México - que seria o campeão do evento - e outra por 2-5 ante os anfitriões, tendo os tentos dos soccer boys sido apontados por Ed Souza e Ed Valentine.
Mas não se ficaria por aqui a incursão de jogadores do Ponta Delgada SC na equipa nacional. No ano seguinte os Estados Unidos da América marcavam mais uma vez presença no torneio olímpico de futebol, que nesse ano decorreu em Londres. Para encontrar os melhores atletas capazes de representar condignamente o país o selecionador nacional da altura, Walter Giesler, organizou um jogo entre as estrelas do Este e do Oeste dos EUA. No final dessa triagem, digamos assim, Giesler chamou cinco jogadores do Ponta Delgada Soccer Club para fazer a viagem até à capital britânica, nomeadamente Ed Souza, John Souza, Joe Ferreira, Manuel Martin, e Joseph Rego-Costa. Participação norte-americana que desde cedo foi problemática, já que antes da partida para a Europa a seleção não realizou qualquer treino conjunto, muito menos jogos de preparação, tudo devido ao mau tempo! Preparação essa que foi feita no navio que transportou os yankees para Londres! Surreal! A equipa só tocou na bola já em solo europeu, onde faria alguns jogos de preparação muito em cima do arranque da competição, fatura que acabaria por sair cara ao combinado de Giesler, já que logo na primeira eliminatória dos Jogos de 48 foi afastado pela Itália por concludentes 9-0!
Ed e John Souza presentes na página mais cintilante do soccer norte-americano
Mas se a viagem a Londres foi rotulada de insucesso o mesmo não aconteceria dois anos mais tarde, quando o selecionado norte-americano viajou para o Brasil para participar no Campeonato do Mundo. Para a América do Sul o selecionador Walter Giesler e o treinador de campo Bill Jeffrey levaram dois luso descendentes, dois diamantes extraídos da mina do Ponta Delgada Soccer Club, Ed Souza e John Souza, que apesar de partilharem o mesmo apelido não tinham qualquer laço familiar. E no Brasil eles ajudaram os EUA a escrever a página mais cintilante da sua história, no que a futebol diz respeito, e quiçá o maior escândalo do futebol planteário, altura em que a poderosa seleção inglesa foi derrotada por 0-1 pelos amadores dos States, facto este já relatado neste museu virtual vezes sem conta.
Voltando ao Ponta Delgada Soccer Club, 1950 seria um ano quase brilhante, já que ao título de campeão da National Amateur Cup o emblema esteve muito perto de repetir a dobradinha de 1947, perdendo a final da National Challenge Cup para o Saint Louis Simpkins-Ford, onde aliás atuavam alguns dos heróis norte-americanos do Mundial de 50, casos de Frank Borghi, Gino Pariani, Charles Colombo, entre outros. O clube de origens açorianas arrecadou ainda em 1953 um último título da National Amateur Cup, sendo que dali em diante praticamente se eclipsou do mapa futebol dos EUA, aliás tal como a prórpia modalidade, que só viria a conhecer um novo impulso na década de 70 com a criação da National American Soccer League, e com a chegada do rei Pelé aos EUA para relançar o belo jogo em terras onde ainda hoje ele é olhado com alguma... desconfiança e desinterese.
Em 1985 o Ponta Delgada mudou o nome para Patriot's Bar and Grille (!), até que em 2008 encerrou definitivamente as portas.
Os luso americanos mais sonantes da história do clube
Ao longo das linhas anteriores foram mencionados alguns dos nomes mais sonantes da história do clube, sendo que nas próximas linhas iremos apresentar de forma mais detalhada aqueles que mais brilharam na cena internacional com as cores da seleção norte-americana.
Joseph Ferreira: Tal como a maioria dos jogadores do Ponta Delgada Soccer Club, Joseph Ferreira tinha uma alcunha, no seu caso era chamado de Za-Za. Nasceu a 5 de dezembro de 1916, em Fall River, pois claro. Destacou-se no terreno de jogo como médio defensivo, e tal a maior parte dos seus companheiros deu os primeiros pontapés na bola no Ponta Delgada. Foi um dos rostos principais das décadas (40 e 50) douradas do emblema de Fall River, vivendo por dentro, e em algumas vezes foi mesmo determinante, as principais conquistas do clube. Foi chamado por quatro ocasiões à seleção dos EUA, tendo a primeira ocorrido em 1947, no decorrer da primeira edição do North American Football Confederation Championship, onde atuou como titular na derrota ante o México por 0-5. No ano seguinte vestiu por mais três ocasiões a camisola do seu país, em dois particulares - derrota com a Noruega por 0-11 (!), e vitória sobre Israel por 3-1 - e no torneio olímpico de Londres, onde sentiu na pele a pesada derrota diante da Itália por 0-9. Em 1957, numa altura em que o Ponta Delgada SC entrava na fase decrescente da sua vida, Joe Za-Za Ferreira deixou o clube, rumando para o vizinho Fall River Soccer Club, onde terminaria a carreira. Fall River viu-o nascer e assistiu também ao seu desaparecimento, a 10 de junho de 2007.
Joseph Rego-Costa: Três anos mais novo do que o seu companheiro Za-Za Ferreira, Joseph Rego-Costa brilhou no lado direito do setor recuado do terreno, isto é, como defesa/lateral direito. Tendo tido igualmente como berço a cidade de Fall River, Joe Rego-Costa nasceu a 3 de julho de 1919. Nas Olimpíadas de 1948 ele foi o capitão da seleção nacional dos EUA no encontro diante da Itália, tendo sido esta uma das cinco vezes em que envergou a camisola do seu país, sendo que as outras ocasiões ocorreram no North American Football Confederation Championship, onde realizou os dois encontros dessa fase final, digamos assim, e nos particulares ante a Noruega e Irlanda - derrotas, respetivamente, por 0-11, e 0-5. A brilhante carreira de Joe Rego-Costa não foi esquecida, e em 1988 ele foi nomeado para figurar - para a eternidade - no New England Soccer Hall of Fame, uma museu onde repousam os nomes e factos mais relevantes do futebol daquela região dos EUA. Tal como Za-Za Ferreira, Joe Rego-Costa nasceu e morreu em Fall River, no seu caso 27 de abril de 2002 é a data do seu falecimento.
Manuel Martin: Manuel Oliveira Martin, dos cinco craques mais sonantes que o Ponta Delgada Soccer Club deu ao futebol dos EUA ele foi o único que não nasceu em Fall River. Mas não muito longe dali viu a luz do dia pela primeira vez a 29 de dezembro de 1917, mais precisamente em Bristol, Rhode Island, tendo tal como os seus companheiros sido uma das figuras principais das décadas douradas do Ponta Delgada SC. Pela seleção dos EUA atuou em sete ocasiões, com destaque para as presenças no North American Football Confederation Championship de 1947 (fez os dois jogos), na edição desta mesma competição de 1949, ocorrida no México, onde Martin atuou em três encontros, e nos Jogos Olímpicos de 1948. Tal como Joe Rego-Costa atuava no setor recuado do terreno, e depois da sua retirada dos campos de futebol seguiu uma curta carreira de treinador, desempenhando funções de treinador-adjunto na equipa feminina da Uiversidade de Massachusetts.
Em 1983 ele foi nomeado para o New England Soccer Hall of Fame, tendo 14 mais tarde falecido em Fall River.
Ed Souza: Edward Souza-Neto, ou simplesmente Ed Souza, foi um dos mais talentosos avançados do soccer americano de todos os tempos. Ele era o elemento mais novo dos cinco astros nascidos para o futebol no Ponta Delgada SC, tendo nascido a 22 de setembro de 1921. Durante muitos anos foi um dos homens-golo da equipa, destacando-se a sua veia goleadora na dupla campanha vitoriosa de 1947, isto é, na National Amateur Cup e na National Challenge Cup. Integrou a seleção norte-americana no North American Football Confederation Championship de 1947, nos Jogos Olímpicos de 1948, e no Mundial de 1950, tendo sido um dos 11 heróis que atuou na sensacional e inesperada vitória sobre a Inglaterra no célebre jogo realizado em Belo Horizonte. Nesse Campeonato do Mundo realizou ainda mais um encontro, o da última jornada do grupo 2 diante do Chile (derrota por 2-5). Ed Souza, que apesar de partilhar o apelido com o seu companheiro de clube e de seleção John Souza nenhuma relação familiar tinha com este, falecendo a 19 de maio de 1979, em Warren, Rhode Island.
John Souza: Talvez o mais mediático jogador do Ponta Delgada Soccer Club. Uma das estrelas mais cintilantes de sempre do soccer dos EUA, tendo sido o primeiro jogador deste país a fazer parte do onze ideal de um Campeonato do Mundo da FIFA. Nasceu a 12 de julho de 1920, em Fall River, e tal como muitos dos seus companheiros do soccer era filho de pais açorianos. Ganhou a alcunha de Clarkie, aparentemente por ser parecido com o popular ator Clark Gable. Ao serviço do clube da sua terra, o Ponta Delgada SC, John Clarkie Souza venceu os títulos mais importantes do historial do emblema. Atuando como atleta amador, tal como os restantes companheiros, Clarkie trabalhava arduamente durante a semana nas fábricas de Fall River e ao domingo brilhava com as cores do seu clube do coração. Fê-lo até 1951, altura em que resolve mudar de ares, transferindo-se para o New York German-Hungarians, clube pelo qual vence uma National Amateur Cup e uma National Challenge Cup. Pela seleção norte-americana este avançado atuou em 14 ocasições, estreando-se, tal como os seus colegas de clube, no North American Football Confederation Championship, em 1947, prova onde voltaria a representar os States dois anos mais tarde. Também com os EUA atuou em duas edições dos Jogos Olímpicos, mais precisamente em Londres (1948), e em Helsínquia (1952), onde voltou a ver a sua seleção ser massacrada pela Itália, desta feita por 0-8. Mas o ponto alto da sua carreira foi mesmo o Mundial de 1950, no Brasil, onde foi titular nos três encontros que os soccer boys fizeram na América do sul, tendo vivido a tarde mágica de 29 de junho daquele ano, quando em Belo Horizonte a Inglaterra foi batida pelos desconhecidos - para o resto do planeta, pelo menos - norte-americanos. As suas exibições nesse Mundial levaram então a revista brasileira Mundo Esportivo a nomea-lo para o onze ideal do torneio da FIFA. Jogaria até aos 40 anos, e quem o viu atuar diz que poderia ter jogador em qualquer equipa do Mundo, tal era a sua mestria com a bola nos pés. Como a maioria dos heróis de Belo Horizonte também ele foi nomeado para o National Soccer Hall of Fame, tendo falecido já no novo milénio (a 11 de março de 2012).
Legenda das fotografias:
1-Talvez a fotografia mais relevante da história do Ponta Delgada SC, o dia em que o clube venceu a National Challenge Cup (atualmente conhecida como US Open Cup) de 1947
2-Um jogo de futebol nos anos 20, a década em que a modalidade alcançou índices de popularidade absimal nos EUA
3-John Clarkie Souza, para muitos o jogador mais mediático da história do Ponta Delgada SC
4-Walter Giesler, selecionador nacional dos EUA nos Jogos Olímpicos de 1948 e no Mundial de 1950
5-A histórica equipa dos EUA que derrotou a Inglaterra no Campeonato do Mundo de 1950
6-Joseph Ferreira
7-Joseph Rego-Costa
8-Manuel Martin
9-Ed Souza
10-John Souza
Para ti mãe...
Foi nos anos 20 que o jogo conheceu de facto a sua primeira grande explosão de popularidade junto do povo norte-americano. Era comum ver-se em volta de uma partida assistências a rondar as 10.000 ou 15.000 pessoas, que vibravam com a arte futebolística das primeiras lendas do soccer dos States, casos de Thomas Swords (o primeiro capitão da seleção nacional dos EUA que disputou o seu primeiro jogo internacional em 1916), de Bert Patenaude, ou de Billy Gonsalves, este último também ele um luso descendente, neste caso filho de pais madeirenses, e que para muitos é ainda hoje considerado o maior jogador norte-americano de todos os tempos (nota: sobre ele o Museu Virtual do Futebol já traçou algumas linhas biográficas noutras viagens ao passado). Grandes dominadores do futebol dos EUA daquele tempo eram a quase esmagadora maioria dos combinados de Fall River, nomeadamente o Fall River Marksmen - clube fundado em 1922, que nesta década venceu por sete vezes o título nacional (American Soccer League) e em quatro ocasiões a taça nacional (National Challenge Cup, atualmente conhecida como US Open Cup) - o Fall River Rovers, ou o Fall River Football Club. Mais do que títulos ganhos todos eles encantaram multidões.
Seria no entanto na década seguinte que o Ponta Delgada Soccer Club iria conhecer os seus primeiros momentos de fama. Curiosamente esta seria uma década de declínio para o soccer, muito por culpa da Grande Depressão que assolou os EUA, a qual provocou o encerramento de inúmeras indústrias, atirando milhares de homens e mulheres para o desemprego. Com isto o futebol sofreu, muitos clubes fecharam portas, outros transferiram-se para cidades maiores e mais abastadas. O soccer perdia furor...
Ponta Delgada SC domina era amadora
Perdia furor mas não morria. Sem dinheiro para alimentar uma liga profissional o jogo percorreria então os caminhos do amadorismo, e neles o Ponta Delgada Soccer Club ganhou algumas corridas. O primeiro grande título conquistado pelo clube de origens portuguesas ocorreu a 1 de maio de 1938, dia em que o clube venceu por 2-1 o Pittsburgh Heidelberg na final da National Amateur Cup, uma espécie de campeonato nacional de amadores. Mas o melhor viria na década seguinte. Munido de um grupo de notáveis jogadores, na sua esmagadora maioria luso descendentes, o Ponta Delgada colecionou títulos atrás de títulos, sendo que entre 1946 e 1948 foi três vezes consecutivas campeão da National Amateur Cup. Em 1946 fez mesmo história no soccer dos EUA, ao tornar-se no primeiro clube a atingir as finais de duas competições distintas no mesmo ano, a National Amateur Cup - a qual venceu, como já vimos, após derrotar na final o Castle Shannon of Pittsburgh por 5-2 - e a National Challenge Cup, em cuja final seria derrotado pelos Chicago Vikings por 1-2. No ano seguinte a equipa voltou a marcar presença nas finais de duas competições distintas, mas desta vez o desfecho foi bem mais feliz: venceu as duas! O Ponta Delgada Soccer Club entrava assim para a história do soccer norte-americano ao tornar-se no primeiro emblema a vencer no mesmo ano duas competições distintas. Na final da National Amateur Cup - disputada em maio desse ano - o clube cilindrou por 10-1 o Saint Louis Carondelets, com o destaque individual a ir para Ed Souza, um dos muitos artistas luso-americanos daquele célebre combinado, atleta que nessa tarde apontou cinco golos. A 31 de agosto, na primeira mão da final da Taça dos EUA (National Challenge Cup) o Ponta Delgada esmagou na primeira mão o Chicago Sparta por 6-1, com golos com sotaque português: Ed Souza (2), John Souza, Ed Valentine, e Joe Ferreira, sendo que outro tento saiu dos pés de John Travis. Nesse histórico encontro o Ponta Delgada SC alinhou com: Walter Romanowicz, Joe Machado, Manuel Martin, Joseph Rego-Costa, Joe Ferreira, Jesse Braga, Frank Moniz, Ed Souza, Ed Valentine, John Souza, e John Travis.
Cerca de uma semana depois, na segunda mão da final, nova vitória foi alcançada, desta feita por 3-2, em Chicago, com tentos de Jim Delgado, Joe Ferreira, e John Travis. A alinhação do Ponta Delgada SC foi a seguinte: Walter Romanowicz, Joe Machado, Manuel Martin, Joseph Rego-Costa, Joe Ferreira, Jesse Braga, Frank Moniz, Ed Souza, Ed Valentine, John Souza, e John Travis.Jogaram ainda Jim Delgado, Joseph Michaels, e Victor Lucianno.
Dobradinha chama à atenção da United States Soccer Federation
A dupla conquista do emblema de ascendência lusitana não deixou ninguém indiferente, muito menos os responsáveis máximos do futebol norte-americano, que nesse ano de 1947 viram a seleção nacional yankee integrar a primeira edição da North American Football Confederation Championship, digamos que a competição antecessora da atual Gold Cup. O certame teve lugar em Cuba, entre 13 a 20 de julho, sendo que para além da equipa da casa e dos EUA o México também figurava no cartaz. Grupo norte-americano que era constituído 100 por cento pelos atletas do Ponta Delgada Soccer Club! A convite da United States Soccer Federation (Federação Norte-Americana de Futebol) os jogadores do clube de Fall River trocaram a sua camisola habitual pela da seleção nacional. Uma honra! O resultado, esse, não foi famoso, já que a viagem a Cuba saldou-se por duas pesadas derrotas, uma por 0-5 ante o México - que seria o campeão do evento - e outra por 2-5 ante os anfitriões, tendo os tentos dos soccer boys sido apontados por Ed Souza e Ed Valentine.
Mas não se ficaria por aqui a incursão de jogadores do Ponta Delgada SC na equipa nacional. No ano seguinte os Estados Unidos da América marcavam mais uma vez presença no torneio olímpico de futebol, que nesse ano decorreu em Londres. Para encontrar os melhores atletas capazes de representar condignamente o país o selecionador nacional da altura, Walter Giesler, organizou um jogo entre as estrelas do Este e do Oeste dos EUA. No final dessa triagem, digamos assim, Giesler chamou cinco jogadores do Ponta Delgada Soccer Club para fazer a viagem até à capital britânica, nomeadamente Ed Souza, John Souza, Joe Ferreira, Manuel Martin, e Joseph Rego-Costa. Participação norte-americana que desde cedo foi problemática, já que antes da partida para a Europa a seleção não realizou qualquer treino conjunto, muito menos jogos de preparação, tudo devido ao mau tempo! Preparação essa que foi feita no navio que transportou os yankees para Londres! Surreal! A equipa só tocou na bola já em solo europeu, onde faria alguns jogos de preparação muito em cima do arranque da competição, fatura que acabaria por sair cara ao combinado de Giesler, já que logo na primeira eliminatória dos Jogos de 48 foi afastado pela Itália por concludentes 9-0!
Ed e John Souza presentes na página mais cintilante do soccer norte-americano
Mas se a viagem a Londres foi rotulada de insucesso o mesmo não aconteceria dois anos mais tarde, quando o selecionado norte-americano viajou para o Brasil para participar no Campeonato do Mundo. Para a América do Sul o selecionador Walter Giesler e o treinador de campo Bill Jeffrey levaram dois luso descendentes, dois diamantes extraídos da mina do Ponta Delgada Soccer Club, Ed Souza e John Souza, que apesar de partilharem o mesmo apelido não tinham qualquer laço familiar. E no Brasil eles ajudaram os EUA a escrever a página mais cintilante da sua história, no que a futebol diz respeito, e quiçá o maior escândalo do futebol planteário, altura em que a poderosa seleção inglesa foi derrotada por 0-1 pelos amadores dos States, facto este já relatado neste museu virtual vezes sem conta.
Voltando ao Ponta Delgada Soccer Club, 1950 seria um ano quase brilhante, já que ao título de campeão da National Amateur Cup o emblema esteve muito perto de repetir a dobradinha de 1947, perdendo a final da National Challenge Cup para o Saint Louis Simpkins-Ford, onde aliás atuavam alguns dos heróis norte-americanos do Mundial de 50, casos de Frank Borghi, Gino Pariani, Charles Colombo, entre outros. O clube de origens açorianas arrecadou ainda em 1953 um último título da National Amateur Cup, sendo que dali em diante praticamente se eclipsou do mapa futebol dos EUA, aliás tal como a prórpia modalidade, que só viria a conhecer um novo impulso na década de 70 com a criação da National American Soccer League, e com a chegada do rei Pelé aos EUA para relançar o belo jogo em terras onde ainda hoje ele é olhado com alguma... desconfiança e desinterese.
Em 1985 o Ponta Delgada mudou o nome para Patriot's Bar and Grille (!), até que em 2008 encerrou definitivamente as portas.
Os luso americanos mais sonantes da história do clube
Ao longo das linhas anteriores foram mencionados alguns dos nomes mais sonantes da história do clube, sendo que nas próximas linhas iremos apresentar de forma mais detalhada aqueles que mais brilharam na cena internacional com as cores da seleção norte-americana.
Joseph Ferreira: Tal como a maioria dos jogadores do Ponta Delgada Soccer Club, Joseph Ferreira tinha uma alcunha, no seu caso era chamado de Za-Za. Nasceu a 5 de dezembro de 1916, em Fall River, pois claro. Destacou-se no terreno de jogo como médio defensivo, e tal a maior parte dos seus companheiros deu os primeiros pontapés na bola no Ponta Delgada. Foi um dos rostos principais das décadas (40 e 50) douradas do emblema de Fall River, vivendo por dentro, e em algumas vezes foi mesmo determinante, as principais conquistas do clube. Foi chamado por quatro ocasiões à seleção dos EUA, tendo a primeira ocorrido em 1947, no decorrer da primeira edição do North American Football Confederation Championship, onde atuou como titular na derrota ante o México por 0-5. No ano seguinte vestiu por mais três ocasiões a camisola do seu país, em dois particulares - derrota com a Noruega por 0-11 (!), e vitória sobre Israel por 3-1 - e no torneio olímpico de Londres, onde sentiu na pele a pesada derrota diante da Itália por 0-9. Em 1957, numa altura em que o Ponta Delgada SC entrava na fase decrescente da sua vida, Joe Za-Za Ferreira deixou o clube, rumando para o vizinho Fall River Soccer Club, onde terminaria a carreira. Fall River viu-o nascer e assistiu também ao seu desaparecimento, a 10 de junho de 2007.
Joseph Rego-Costa: Três anos mais novo do que o seu companheiro Za-Za Ferreira, Joseph Rego-Costa brilhou no lado direito do setor recuado do terreno, isto é, como defesa/lateral direito. Tendo tido igualmente como berço a cidade de Fall River, Joe Rego-Costa nasceu a 3 de julho de 1919. Nas Olimpíadas de 1948 ele foi o capitão da seleção nacional dos EUA no encontro diante da Itália, tendo sido esta uma das cinco vezes em que envergou a camisola do seu país, sendo que as outras ocasiões ocorreram no North American Football Confederation Championship, onde realizou os dois encontros dessa fase final, digamos assim, e nos particulares ante a Noruega e Irlanda - derrotas, respetivamente, por 0-11, e 0-5. A brilhante carreira de Joe Rego-Costa não foi esquecida, e em 1988 ele foi nomeado para figurar - para a eternidade - no New England Soccer Hall of Fame, uma museu onde repousam os nomes e factos mais relevantes do futebol daquela região dos EUA. Tal como Za-Za Ferreira, Joe Rego-Costa nasceu e morreu em Fall River, no seu caso 27 de abril de 2002 é a data do seu falecimento.
Manuel Martin: Manuel Oliveira Martin, dos cinco craques mais sonantes que o Ponta Delgada Soccer Club deu ao futebol dos EUA ele foi o único que não nasceu em Fall River. Mas não muito longe dali viu a luz do dia pela primeira vez a 29 de dezembro de 1917, mais precisamente em Bristol, Rhode Island, tendo tal como os seus companheiros sido uma das figuras principais das décadas douradas do Ponta Delgada SC. Pela seleção dos EUA atuou em sete ocasiões, com destaque para as presenças no North American Football Confederation Championship de 1947 (fez os dois jogos), na edição desta mesma competição de 1949, ocorrida no México, onde Martin atuou em três encontros, e nos Jogos Olímpicos de 1948. Tal como Joe Rego-Costa atuava no setor recuado do terreno, e depois da sua retirada dos campos de futebol seguiu uma curta carreira de treinador, desempenhando funções de treinador-adjunto na equipa feminina da Uiversidade de Massachusetts.
Em 1983 ele foi nomeado para o New England Soccer Hall of Fame, tendo 14 mais tarde falecido em Fall River.
Ed Souza: Edward Souza-Neto, ou simplesmente Ed Souza, foi um dos mais talentosos avançados do soccer americano de todos os tempos. Ele era o elemento mais novo dos cinco astros nascidos para o futebol no Ponta Delgada SC, tendo nascido a 22 de setembro de 1921. Durante muitos anos foi um dos homens-golo da equipa, destacando-se a sua veia goleadora na dupla campanha vitoriosa de 1947, isto é, na National Amateur Cup e na National Challenge Cup. Integrou a seleção norte-americana no North American Football Confederation Championship de 1947, nos Jogos Olímpicos de 1948, e no Mundial de 1950, tendo sido um dos 11 heróis que atuou na sensacional e inesperada vitória sobre a Inglaterra no célebre jogo realizado em Belo Horizonte. Nesse Campeonato do Mundo realizou ainda mais um encontro, o da última jornada do grupo 2 diante do Chile (derrota por 2-5). Ed Souza, que apesar de partilhar o apelido com o seu companheiro de clube e de seleção John Souza nenhuma relação familiar tinha com este, falecendo a 19 de maio de 1979, em Warren, Rhode Island.
John Souza: Talvez o mais mediático jogador do Ponta Delgada Soccer Club. Uma das estrelas mais cintilantes de sempre do soccer dos EUA, tendo sido o primeiro jogador deste país a fazer parte do onze ideal de um Campeonato do Mundo da FIFA. Nasceu a 12 de julho de 1920, em Fall River, e tal como muitos dos seus companheiros do soccer era filho de pais açorianos. Ganhou a alcunha de Clarkie, aparentemente por ser parecido com o popular ator Clark Gable. Ao serviço do clube da sua terra, o Ponta Delgada SC, John Clarkie Souza venceu os títulos mais importantes do historial do emblema. Atuando como atleta amador, tal como os restantes companheiros, Clarkie trabalhava arduamente durante a semana nas fábricas de Fall River e ao domingo brilhava com as cores do seu clube do coração. Fê-lo até 1951, altura em que resolve mudar de ares, transferindo-se para o New York German-Hungarians, clube pelo qual vence uma National Amateur Cup e uma National Challenge Cup. Pela seleção norte-americana este avançado atuou em 14 ocasições, estreando-se, tal como os seus colegas de clube, no North American Football Confederation Championship, em 1947, prova onde voltaria a representar os States dois anos mais tarde. Também com os EUA atuou em duas edições dos Jogos Olímpicos, mais precisamente em Londres (1948), e em Helsínquia (1952), onde voltou a ver a sua seleção ser massacrada pela Itália, desta feita por 0-8. Mas o ponto alto da sua carreira foi mesmo o Mundial de 1950, no Brasil, onde foi titular nos três encontros que os soccer boys fizeram na América do sul, tendo vivido a tarde mágica de 29 de junho daquele ano, quando em Belo Horizonte a Inglaterra foi batida pelos desconhecidos - para o resto do planeta, pelo menos - norte-americanos. As suas exibições nesse Mundial levaram então a revista brasileira Mundo Esportivo a nomea-lo para o onze ideal do torneio da FIFA. Jogaria até aos 40 anos, e quem o viu atuar diz que poderia ter jogador em qualquer equipa do Mundo, tal era a sua mestria com a bola nos pés. Como a maioria dos heróis de Belo Horizonte também ele foi nomeado para o National Soccer Hall of Fame, tendo falecido já no novo milénio (a 11 de março de 2012).
Legenda das fotografias:
1-Talvez a fotografia mais relevante da história do Ponta Delgada SC, o dia em que o clube venceu a National Challenge Cup (atualmente conhecida como US Open Cup) de 1947
2-Um jogo de futebol nos anos 20, a década em que a modalidade alcançou índices de popularidade absimal nos EUA
3-John Clarkie Souza, para muitos o jogador mais mediático da história do Ponta Delgada SC
4-Walter Giesler, selecionador nacional dos EUA nos Jogos Olímpicos de 1948 e no Mundial de 1950
5-A histórica equipa dos EUA que derrotou a Inglaterra no Campeonato do Mundo de 1950
6-Joseph Ferreira
7-Joseph Rego-Costa
8-Manuel Martin
9-Ed Souza
10-John Souza
Para ti mãe...
segunda-feira, julho 15, 2013
Competições jovens (1)... Campeonato do Mundo de Sub-20/Tunísia 1977
Peder alguém tão querido, importante, e insubstituível como uma mãe abre em nós uma ferida eterna, que jamais será cicatrizada. É pois com o sangue a jorrar em catadupa que regresso hoje às viagens pelo passado do belo jogo, fazendo-o com a inauguração de uma nova vitrina, um espaço onde daqui em diante irão ser recordados os grandes eventos internacionais que viram a luz do dia com a intenção de revelar ao Mundo os craques do futuro deste jogo que tanto nos encanta. Falamos das competições jovens, onde ao longo de décadas centenas, ou milhares, de jovens jogadores evoluíram, carregando consigo o sonho de dar o passo para o palco principal do futebol internacional, isto é, o patamar profissional sénior. Nem todos o conseguiram, ficando às portas de uma desejada e brilhante carreira profissional. Outros porém, confirmaram todo o seu potencial no plano sénior, e muitos deles ascenderam mesmo ao patamar das lendas, casos de Maradona, Dunga, Bebeto, Casillas, Xavi, Figo, ou Messi.
Bom, todas as histórias têm um início, e o nosso início remonta a 1977, ano em que a FIFA dá vida ao Campeonato do Mundo de sub-20, também denominado de Mundial de júniores. E para a estreia o palco escolhido foi a Tunísia, nação situada no norte de África que entre 27 de junho e 10 de julho do citado ano reuniu 16 países que entre si lutaram pela posse da coroa de príncipes do futebol planetário. Quatro grupos foram distribuídos por outras tantas cidades tunisinas, cabendo às seleções da França e da Espanha dar o pontapé de saída da jovem competição em simultâneo com Itália e Costa do Marfim, que à mesma hora jogavam em Sousse, para o grupo C. O duelo entre os vizinhos franceses e espanhóis estava integrado no grupo A, tendo tido lugar em Rades, sendo que no final estes últimos levaram a melhor na sequência de um triunfo por 2-1, com golos de Escobar e Casas, enquanto que para os gauleses Bacconnier apontou o tento de honra. Curiosidade é que na baliza da Espanha estava um então desconhecido Paco Buyo, que mais tarde se haveria de tornar num dos mais lendários guarda-redes do futebol espanhol, brilhando sobretudo ao serviço do Real Madrid.
Nesse mesmo dia, horas mais tarde, entrava em campo uma das seleções que encantou neste Mundial, o México. Com um futebol eletrizante, de ataque contínuo, os mexicanos esmagaram a seleção da casa na estreia, por 6-0, com destaque para o hattrick (três golos) de Luis Placencia.
Na segunda jornada do grupo A o México deu um passo de gigante rumo às meias-finais (nota: fase esta para onde se qualificavam os vencedores dos quatro grupos desta primeira fase) após empatar com a favorita seleção espanhola a uma bola, enquanto que no outro jogo Thierry Meyer dava ainda alguma esperança - de qualificação - aos franceses, já que dos seus pés saiu o único golo com que les blues bateram a seleção tunisina, equipa esta que desta forma dizia matematicamente adeus à fase seguinte.
E talvez por nada mais terem a ganhar - ou perder - na sua competição, a não ser defender com dignidade a bandeira que representavam, os jogadores africanos fizeram - na última jornada da fase de grupos - a vida negra a uma Espanha que precisava de uma vitória para seguir em frente e esperar que o México tropeçasse diante da França. Pois bem, neste último aspeto as contas até saíram bem aos espanhóis, já que gauleses e mexicanos empataram a uma bola no primeiro jogo do dia do grupo A, um resultado que estendia à Espanha a passadeira vermelha rumo às meias-finais. No entanto, e como se costuma dizer, por vezes a teoria não confirma a prática, e aos 52 minutos do duelo com a Roja europeia Ben Fattoum bateu Buyo e ofereceu uma sensacional e inesperada vitória à equipa da casa, que assim se despedia em glória do torneio e mandava os favoritos europeus mais cedo do que o previsto para casa. Em frente seguia pois o México.
Arte charrúa imperou no Grupo B
O grupo B ficou sediado na capital Tunes, e teve como grande dominador o forte combinado do Uruguai, nação que ao longo de décadas ofereceu ao planeta da bola inúmeros artistas, sendo que neste primeiro torneio juvenil esta tendência não fugiu à regra. Jogadores como Venancio Ramos, Hugo de León, ou Ruben Paz faziam parte do selecionado sul-americano que viajou para a Tunísia no escaldante verão de 77, e que posteriormente brilharam a grande altura no patamar sénior. E logo no primeiro jogo os charrúas colocaram em campo toda a sua arte, diante do principal rival do grupo, a Hungria, seleção esta que não conseguiu evitar a derrota por 1-2, um encontro onde curiosamente todos os golos foram apontados durante os primeiros 25 minutos. No outro encontro mediram forças os dois outsiders do grupo, Marrocos e Honduras, com a balança da vitória a pender para esta última equipa graças a um tento solitário de Norales.
Hondurenhos que na ronda seguinte não tiveram a felicidade da estreia do seu lado, não conseguindo evitar uma derrota por 0-1 diante do favorito Uruguai, que desta forma praticamente garantia a presença na fase seguinte. Quanto aos Leões do Atlas, o mesmo é dizer Marrocos, despediam-se do torneio na sequência de um novo desaire, desta feita diante da Hungria, por 0-2.
Europeus que precisavam de um milagre para alcançar as meias-finais, milagre esse que passava por uma derrota do Uruguai diante dos marroquinos e da necessidade imperial de vencer as Honduras na derradeira ronda do grupo. No entanto a ajuda divina acabou por não surgir, já que o combinado do leste europeu não só perdeu o seu jogo (0-2) como viu o principal rival do grupo bater por três golos sem resposta os norte-africanos.
Escrete confirma favoritismo em contraposto com uma pobre Squadra Azzurra
No grupo C estavam integradas as duas seleções quiçá mais favoritas à conquista do até então inédito título mundial de júniores, a Itália e o Brasil. Dois gigantes do futebol planetário que em Sousse tiveram porém desempenhos bem distintos. O estádio olímpico desta cidade costeira assistiu a um dos dois desafios que abriram este Mundial, no dia 27 de junho, neste caso entre Itália e Costa do Marfim, que mediam forças em simultâneo com o duelo entre França e Espanha, a contar para o grupo A, como já fizemos referência no início desta viagem. Italianos, e um jogador muito em particular, que entraram para a história do torneio juvenil da FIFA, quando aos 11 minutos apontaram o primeiro golo de um Campeonato do Mundo de sub-20. Tal façanha pertenceu a Luigi Capuzzo, atacante que na época pertencia aos quadros da Juventus. Este foi no entanto o único momento dourado de uma squadra azzurra que teve uma performance a todos os títulos dececionante. Ante a Costa do Marfim os europeus deixaram escapar a vitória a cerca de 13 minutos do final, altura em que Kouassi fez o 1-1 final.
No outro encontro a típica magia do futebol brasileiro encantou o público presente nas bancadas do Olímpico de Sousse. Ante o frágil e desconhecido Irão o Brasil sublinhou a sua incontestável supremacia com uma goleada de 5-1, com destaque para aquele que viria a ser o melhor marcador do torneio, Guina, que neste encontro fez três dos cinco golos do escrete.
Na ronda seguinte a Itália volta a desiludir. Ante os asiáticos a azzurra, que no seu coletivo tinha nomes que mais tarde atingiriam a ribalta do belo jogo, casos do guarda-redes Giovanni Galli (brilhou ao serviço do Milan na década de 80), e do médio-ala Giuseppe Baresi (irmão mais velho do lendário defesa Franco Baresi), não foi além de um desolador empate sem golos ante o Irão. Porém, o principal rival dos transalpinos também não teve uma tarde feliz nessa segunda jornada, já que não conseguiu melhor do que uma igualdade a um golo diante dos costa-marfinenses. Empate que chegou em cima do apito final (89 minutos) do árbitro tunisino Mohamed Kadri por intermédio de Cléber, já que desde os 46 minutos de jogo que o Brasil estava surpreendentemente em desvantagem no marcador!
Costa do Marfim que com dois sensacionais empates ante os tubarões do grupo partia para a derradeira jornada com reais esperanças de se qualificar para a fase seguinte, precisando para isso de uma aparentemente fácil vitória sobre a seleção mais frágil da chave, o Irão. Contudo, os iranianos não queriam sair de Sousse sem uma boa lembrança deste campeonato, e para isso nada melhor do que uma robusta vitória por 3-0, que deixou de imediato os africanos de fora da corrida pelo apuramento.
Assim sendo, o Brasil - Itália ganhava contornos de final. Quem vencesse seguia em frente, sendo que para os brasileiros bastaria um empate para fazer a festa. Mas o futebol-arte dos canarinhos veio mais uma vez ao de cima diante da paupérrima Itália, e logo aos 11 minutos o médio goleador Guina abriu o ativo para o selecionado orientado pelo lendário - enquanto jogador - Evaristo de Macedo. No início da segunda parte o avançado Paulinho fez o 2-0 final, selando assim a qualificação para as meias-finais da sua equipa.
Frieza soviética ditou leis
Finalmente, o grupo D, onde figuravam os conjuntos do Iraque, Paraguai, Áustria, e a ex-União Soviética. De semblante frio, mais parecendo robots programados (!), os soviéticos apresentaram um coletivo estremamente bem organizado, assente numa sólida e praticamente intransponível defesa, e num letal ataque. O eficaz futebol-mecânico do conjunto de leste fez mossa logo na primeira jornada do grupo D, sendo a vítima o Iraque, que sem armas para parar o rápido jogo dos europeus não conseguiu melhor do que evitar uma derrota por 1-3, com o destaque individual desse encontro a centrar-se no avançado Valeri Petrakov, autor de dois remates certeiros.
No outro encontro do grupo, que teve como sede a cidade de Sfax, o Paraguai batia a Áustria por uma bola a zero, graças a um tento solitário de Victor Morel. Particularidade neste primeiro Mundial de júniores o facto de a maioria das seleções europeias terem tido uma performance verdadeiramente desastrosa. França e Espanha no grupo A, Hungria no B, Itália no C, e Áustria no D não fizeram mais do que figura de corpo presente, sendo que os austríacos fizeram a sua despedida a prova na segunda jornada após uma pesada derrota diante do desconhecido Iraque por 1-5!
A excessão do desastre europeu foi mesmo a União Soviética, que na segunda ronda praticamente selou a presença nas meias finais graças a um triunfo por 2-1 sobre os paraguaios, com destaque para o golo e a exibição sublime de Vladimir Bessonov, para muitos considerado o melhor jogador deste primeiro torneio da FIFA.
Na terceira e última ronda de nada valeu a goleada do Paraguai sobre o Iraque, por 4-0, com destaque para o bis (dois golos) da estrela-mor dos sul-americanos, o centro-campista Pedro Lopez.
E no outro encontro a Áustria despediu-se do Mundial juvenil com um empate a zero bolas ante a equipa mais forte do grupo, os qualificados soviéticos.
Lotaria dos penaltis decide finalistas
Rades foi a localidade escolhida pela organização para acolher quer os jogos das meias-finais, quer os encontros de atribuição dos terceiro e quarto lugares e final. Começando pelas meias-finais a curiosidade reside no facto de ambos os jogos terem sido decididos após a marcação de grandes penalidades.
A 6 de julho Brasil e México subiram ao relvado do Estádio El Menzah, recaindo o favoritismo sobre o conjunto treinado por Evaristo de Macedo. Porém, os mexicanos partiam para este duelo com o título de seleção surpresa do torneio, já que haviam deixado para trás os fortes conjuntos da Espanha e da França durante a primeira fase. E seria após uma primeira parte equilibrada, e sem golos, que os mexicanos se adiantariam no marcador aos 53 minutos, na sequência de um tento de Eduardo Rergis. O Brasil tremeu, mas não caiu, e seis minutos volvidos Jorge Luíz repôs a igualdade. O tempo foi passando e a defesa do país centro-americano levou a melhor sobre a avalanche ofensiva canarinha que se seguiu após o golo de Jorge Luíz. O prolongamento não encontrou um primeiro finalista, pelo que foi necessário recorrer-se às grandes penalidades. E aqui a lotaria saiu aos mexicanos, que derrubariam os artistas brasileiros por 5-3. Igual sorte, ou mérito, tiveram os soviéticos no dia seguinte, já que após um nulo com a combatida a criativa seleção uruguaia foram mais felizes no desempate por grandes penalidades, neste caso por 4-3.
Lotaria voltou a andar à roda para definir o campeão
A 9 de julho Rades engalanou-se para assistir a um dos clássicos do futebol sul-americano, protagonizado por Brasil e Uruguai, que entre si lutavam pela medalha de bronze. Contra todas as expectativas este foi um duelo desequilibrado, conforme traduz a expressiva vitória canarinha por 4-0. O bronze estava assim entregue. E mais do que a medalha de bronze o Brasil saia da Tunísia com o melhor ataque da prova (13 golos) e com o melhor homem-golo do certame (Guina, com quatro remates certeiros).
Um dia mais tarde realizou-se a grande final. Frente a frente o eficaz mecânico futebol soviético contra o eletrizante e fantasista futebol mexicano. Um grande encontro em perspectiva. E assim foi. Após uma primeira parte sem golos o verdadeiro espetáculo apareceu na etapa final. E o primeiro toque artístico foi dado aos 50 minutos por intermédio de Fernando Garduno, que desta forma colocava os centro- americanos na frente. Sol de pouca dura no entanto, já que dois minutos volvidos a estrela soviética, e melhor jogador desta final, Vladimir Bessonov, restabeleceu a igualdade.
O encontro estava aberto, de ataque contínuo a ambas as balizas, e um novo golo poderia surgir a qualquer momento. E voltou a acontecer aos 59 minutos, através de Manzo, que assim voltava a recolocar o México na frente. A União Soviética não desistiu, e com rápidos toques ia levando a bola sempre com perigo à baliza de Marco Paredes. Como diz o velho ditado "tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia acaba por partir", e a dois miuntos dos 90 a vontade dos europeus foi premiada com o justo golo da igualdade, da autoria, claro está, de Bessonov. O árbitro francês Michel Vautrot apitou pouco depois para o fim do jogo. Veio o prolongamento que nada decidiu, e mais uma vez recorreu-se à lotaria das grandes penalidades. E mesmo aqui o empate resistiu, pois só no final da segunda série de penaltis se encontrou um campeão, o qual dava pelo nome de União Soviética, que com uma vitória por 9-8 se tornava assim no primeiro campeão mundial de júniores da história. E para a eternidade ficavam nomes como Sergei Baltacha, Andrei Bal, e claro Vladimir Bessonov, entre outros, os heróis soviéticos.
A figura: Guina
Vladimir Bessonov foi rotulado pela FIFA como o melhor jogador do Mundial de 1977. Porém, e para nós, o cerebral estilo de jogo do soviético só foi eclipsado pela magia do brasileiro Aguinaldo Roberto Gallon, conhecido nos relvados como Guina. Médio ofensivo ele foi aos 19 anos o melhor marcador do torneio, com quatro golos, e mais do que isso o verdadeiro camisa 10 do escrete, o maestro da orquestra montada por Evaristo de Macedo. O Campeonato do Mundo de Sub-20 foi mesmo o minuto de fama de Guina no planeta da bola. Nascido a 4 de fevereiro em Ribeirão Preto ele representava o Vasco da Gama na altura em que integrou o selecionado brasileiro que viajou até à Tunísia. 1977 foi mesmo um ano de ouro para o jovem Guina, já que ao serviço do emblema do Rio de Janeiro ele venceu o campeonato carioca e a Taça Guanabara. Saiu de São Januário (casa dos vascaínos) em 1981 para rumar à Europa, mais concretamente a Espanha, onde durante cinco temporadas e meia defendeu as cores do Real Murcia. Em 1986/86 atravessou a fronteira para em Portugal defender por meia temporada as cores do Belenenses. Voltaria a Espanha, onde jogaria mais quatro temporadas, três ao serviço do Tenerife e uma com o emblema do Elche ao peito. Pendurou as chuteiras em 1992 na sua cidade natal, ao serviço do Botafogo Futebol Clube. Pela seleção principal do Brasil, Guina só atuou uma única vez!
Nomes e números:
Grupo A
1ª Jornada
França - Espanha: 1-2
(Becconnier, aos 75m)
(Escobar, aos 29m, Casas, aos 60m)
México - Tunísia: 6-0
(Placencia, aos 48m, aos 69m, aos 72m, Manzo, aos 46m, aos 47m, Garduno, aos 56m)
2ª Jornada
Espanha - México: 1-1
(Escobar, aos 46m)
(Rodriguez, aos 73m)
Tunísia - França: 0-1
(Meyer, aos 20m)
3ª Jornada
França - México: 1-1
(Wiss, aos 64m)
(Moses, aos 70m)
Espanha - Tunísia: 0-1
(Ben Fattoum, aos 52m)
Classificação
1-México: 4 pontos
2-Espanha: 3 pontos
3-França: 3 pontos
4-Tunísia: 2 pontos
Grupo B
1ª Jornada
Marrocos - Honduras: 0-1
(Norales, aos 46m)
Uruguai - Hungria: 2-1
(Diogo, aos 15m, Bica, aos 25m)
(Peter, aos 17m)
2ª Jornada
Honduras - Uruguai: 0-1
(Nadal, aos 29m)
Hungria - Marrocos: 2-0
(Kerekes, aos 26m, Nagy, aos 56m)
3ª Jornada
Hungria - Honduras: 0-2
(Yearwood, aos 7m, Duarte, aos 30m)
Uruguai - Marrocos: 3-0
(Nadal, aos 36m, Enrique, aos 44m, Ramos, aos 51m)
Classificação
1-Uruguai: 6 pontos
2-Honduras: 4 pontos
3-Hungria: 2 pontos
4-Marrocos: 0 pontos
Grupo C
1ª Jornada
Itália - Costa do Mardim: 1-1
(Capuzzo, aos 11m)
(Kouassi, aos 77m)
Brasil - Irão: 5-1
(Guina, aos 22m, aos 29m, aos 39m, Paulo Roberto, aos 37m, Júnior Brasília, aos 52m)
2ª Jornada
Irão - Itália: 0-0
Costa do Marfim - Brasil: 1-1
(Semon, aos 46m)
(Cléber, aos 89m)
3ª Jornada
Irão - Costa do Marfim: 3-0
(Asheri, aos 31m, aos 87m, Barzegar, aos 80m)
Brasil - Itália: 2-0
(Guina, aos 11m, Paulinho, aos 48m)
Classificação
1-Brasil: 5 pontos
2-Irão: 3 pontos
3-Itália: 2 pontos
4-Costa do Marfim: 2 pontos
Grupo D
1ª Jornada
União Soviética - Iraque: 3-1
(Petrakov, aos 19m, aos 23m, Bal, aos 39m)
(Munshid, aos 77m)
Áustria - Paraguai: 0-1
(Morel, aos 62m)
2ª Jornada
Iraque - Áustria: 5-1
(Muhammad, ao 1m, aos 34m, aos 38m, Munshid, aos 30m, Hammadi, ?)
(Weiss, aos 28m)
Paraguai - União Soviética: 1-2
(Battaglia, aos 38m)
(Khidiyatullin, aos 29m, Bessonov, aos 59m)
3ª Jornada
Paraguai - Iraque: 4-0
(Lopez, aos 30m, aos 68m, Salmaniego, aos 26m, Gimenez, aos 67m)
Áustria - União Soviética: 0-0
Classificação
1-União Soviética: 5 pontos
2-Paraguai: 4 pontos
3-Iraque: 2 pontos
4-Áustria: 1 pontos
Meias-finais
México - Brasil: 1-1 (5-3 nas grandes penalidades)
(Rergis, aos 53m)
(Jorge Luíz, aos 59m)
União Soviética - Uruguai: 0-0 (4-3 nas grandes penalidades)
Jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares
Brasil - Uruguai: 4-0
(Cléber, aos 13m, Paulo Roberto, aos 30m, Paulinho, aos 53m, Tião, aos 69m)
Final
União Soviética - México: 2-2 (9-8 nas grandes penalidades)
Data: 10 de julho de 1977
Estádio: El Manzah, em Rades (Tunísia)
Árbitro: Michel Vautrot (França)
União Soviética: Novikov (Sivuha, aos 100m), Kriachko, Baltacha, Kaplun, Iljin, Bal, Bessonov, Khidiyatullin, Bychkov, Sopko, e Bodrov. Treinador: Serguel Massiaguine
México: Paredes, Mora, Rubio, Alvarez, Cosio, Rodriguez, Garduno, Rergis, Lopez Zarza, Manzo, Placencia. Treinador: Alfonso Portugal
Golos: 0-1 (Garduno, aos 50m), 1-1 (Bessonov, aos 52m), 1-2 (Manzo, aos 59m), 2-2 (Bessonov, aos 88m)
Bom, todas as histórias têm um início, e o nosso início remonta a 1977, ano em que a FIFA dá vida ao Campeonato do Mundo de sub-20, também denominado de Mundial de júniores. E para a estreia o palco escolhido foi a Tunísia, nação situada no norte de África que entre 27 de junho e 10 de julho do citado ano reuniu 16 países que entre si lutaram pela posse da coroa de príncipes do futebol planetário. Quatro grupos foram distribuídos por outras tantas cidades tunisinas, cabendo às seleções da França e da Espanha dar o pontapé de saída da jovem competição em simultâneo com Itália e Costa do Marfim, que à mesma hora jogavam em Sousse, para o grupo C. O duelo entre os vizinhos franceses e espanhóis estava integrado no grupo A, tendo tido lugar em Rades, sendo que no final estes últimos levaram a melhor na sequência de um triunfo por 2-1, com golos de Escobar e Casas, enquanto que para os gauleses Bacconnier apontou o tento de honra. Curiosidade é que na baliza da Espanha estava um então desconhecido Paco Buyo, que mais tarde se haveria de tornar num dos mais lendários guarda-redes do futebol espanhol, brilhando sobretudo ao serviço do Real Madrid.
Nesse mesmo dia, horas mais tarde, entrava em campo uma das seleções que encantou neste Mundial, o México. Com um futebol eletrizante, de ataque contínuo, os mexicanos esmagaram a seleção da casa na estreia, por 6-0, com destaque para o hattrick (três golos) de Luis Placencia.
Na segunda jornada do grupo A o México deu um passo de gigante rumo às meias-finais (nota: fase esta para onde se qualificavam os vencedores dos quatro grupos desta primeira fase) após empatar com a favorita seleção espanhola a uma bola, enquanto que no outro jogo Thierry Meyer dava ainda alguma esperança - de qualificação - aos franceses, já que dos seus pés saiu o único golo com que les blues bateram a seleção tunisina, equipa esta que desta forma dizia matematicamente adeus à fase seguinte.
E talvez por nada mais terem a ganhar - ou perder - na sua competição, a não ser defender com dignidade a bandeira que representavam, os jogadores africanos fizeram - na última jornada da fase de grupos - a vida negra a uma Espanha que precisava de uma vitória para seguir em frente e esperar que o México tropeçasse diante da França. Pois bem, neste último aspeto as contas até saíram bem aos espanhóis, já que gauleses e mexicanos empataram a uma bola no primeiro jogo do dia do grupo A, um resultado que estendia à Espanha a passadeira vermelha rumo às meias-finais. No entanto, e como se costuma dizer, por vezes a teoria não confirma a prática, e aos 52 minutos do duelo com a Roja europeia Ben Fattoum bateu Buyo e ofereceu uma sensacional e inesperada vitória à equipa da casa, que assim se despedia em glória do torneio e mandava os favoritos europeus mais cedo do que o previsto para casa. Em frente seguia pois o México.
Arte charrúa imperou no Grupo B
O grupo B ficou sediado na capital Tunes, e teve como grande dominador o forte combinado do Uruguai, nação que ao longo de décadas ofereceu ao planeta da bola inúmeros artistas, sendo que neste primeiro torneio juvenil esta tendência não fugiu à regra. Jogadores como Venancio Ramos, Hugo de León, ou Ruben Paz faziam parte do selecionado sul-americano que viajou para a Tunísia no escaldante verão de 77, e que posteriormente brilharam a grande altura no patamar sénior. E logo no primeiro jogo os charrúas colocaram em campo toda a sua arte, diante do principal rival do grupo, a Hungria, seleção esta que não conseguiu evitar a derrota por 1-2, um encontro onde curiosamente todos os golos foram apontados durante os primeiros 25 minutos. No outro encontro mediram forças os dois outsiders do grupo, Marrocos e Honduras, com a balança da vitória a pender para esta última equipa graças a um tento solitário de Norales.
Hondurenhos que na ronda seguinte não tiveram a felicidade da estreia do seu lado, não conseguindo evitar uma derrota por 0-1 diante do favorito Uruguai, que desta forma praticamente garantia a presença na fase seguinte. Quanto aos Leões do Atlas, o mesmo é dizer Marrocos, despediam-se do torneio na sequência de um novo desaire, desta feita diante da Hungria, por 0-2.
Europeus que precisavam de um milagre para alcançar as meias-finais, milagre esse que passava por uma derrota do Uruguai diante dos marroquinos e da necessidade imperial de vencer as Honduras na derradeira ronda do grupo. No entanto a ajuda divina acabou por não surgir, já que o combinado do leste europeu não só perdeu o seu jogo (0-2) como viu o principal rival do grupo bater por três golos sem resposta os norte-africanos.
Escrete confirma favoritismo em contraposto com uma pobre Squadra Azzurra
No grupo C estavam integradas as duas seleções quiçá mais favoritas à conquista do até então inédito título mundial de júniores, a Itália e o Brasil. Dois gigantes do futebol planetário que em Sousse tiveram porém desempenhos bem distintos. O estádio olímpico desta cidade costeira assistiu a um dos dois desafios que abriram este Mundial, no dia 27 de junho, neste caso entre Itália e Costa do Marfim, que mediam forças em simultâneo com o duelo entre França e Espanha, a contar para o grupo A, como já fizemos referência no início desta viagem. Italianos, e um jogador muito em particular, que entraram para a história do torneio juvenil da FIFA, quando aos 11 minutos apontaram o primeiro golo de um Campeonato do Mundo de sub-20. Tal façanha pertenceu a Luigi Capuzzo, atacante que na época pertencia aos quadros da Juventus. Este foi no entanto o único momento dourado de uma squadra azzurra que teve uma performance a todos os títulos dececionante. Ante a Costa do Marfim os europeus deixaram escapar a vitória a cerca de 13 minutos do final, altura em que Kouassi fez o 1-1 final.
No outro encontro a típica magia do futebol brasileiro encantou o público presente nas bancadas do Olímpico de Sousse. Ante o frágil e desconhecido Irão o Brasil sublinhou a sua incontestável supremacia com uma goleada de 5-1, com destaque para aquele que viria a ser o melhor marcador do torneio, Guina, que neste encontro fez três dos cinco golos do escrete.
Na ronda seguinte a Itália volta a desiludir. Ante os asiáticos a azzurra, que no seu coletivo tinha nomes que mais tarde atingiriam a ribalta do belo jogo, casos do guarda-redes Giovanni Galli (brilhou ao serviço do Milan na década de 80), e do médio-ala Giuseppe Baresi (irmão mais velho do lendário defesa Franco Baresi), não foi além de um desolador empate sem golos ante o Irão. Porém, o principal rival dos transalpinos também não teve uma tarde feliz nessa segunda jornada, já que não conseguiu melhor do que uma igualdade a um golo diante dos costa-marfinenses. Empate que chegou em cima do apito final (89 minutos) do árbitro tunisino Mohamed Kadri por intermédio de Cléber, já que desde os 46 minutos de jogo que o Brasil estava surpreendentemente em desvantagem no marcador!
Costa do Marfim que com dois sensacionais empates ante os tubarões do grupo partia para a derradeira jornada com reais esperanças de se qualificar para a fase seguinte, precisando para isso de uma aparentemente fácil vitória sobre a seleção mais frágil da chave, o Irão. Contudo, os iranianos não queriam sair de Sousse sem uma boa lembrança deste campeonato, e para isso nada melhor do que uma robusta vitória por 3-0, que deixou de imediato os africanos de fora da corrida pelo apuramento.
Assim sendo, o Brasil - Itália ganhava contornos de final. Quem vencesse seguia em frente, sendo que para os brasileiros bastaria um empate para fazer a festa. Mas o futebol-arte dos canarinhos veio mais uma vez ao de cima diante da paupérrima Itália, e logo aos 11 minutos o médio goleador Guina abriu o ativo para o selecionado orientado pelo lendário - enquanto jogador - Evaristo de Macedo. No início da segunda parte o avançado Paulinho fez o 2-0 final, selando assim a qualificação para as meias-finais da sua equipa.
Frieza soviética ditou leis
Finalmente, o grupo D, onde figuravam os conjuntos do Iraque, Paraguai, Áustria, e a ex-União Soviética. De semblante frio, mais parecendo robots programados (!), os soviéticos apresentaram um coletivo estremamente bem organizado, assente numa sólida e praticamente intransponível defesa, e num letal ataque. O eficaz futebol-mecânico do conjunto de leste fez mossa logo na primeira jornada do grupo D, sendo a vítima o Iraque, que sem armas para parar o rápido jogo dos europeus não conseguiu melhor do que evitar uma derrota por 1-3, com o destaque individual desse encontro a centrar-se no avançado Valeri Petrakov, autor de dois remates certeiros.
No outro encontro do grupo, que teve como sede a cidade de Sfax, o Paraguai batia a Áustria por uma bola a zero, graças a um tento solitário de Victor Morel. Particularidade neste primeiro Mundial de júniores o facto de a maioria das seleções europeias terem tido uma performance verdadeiramente desastrosa. França e Espanha no grupo A, Hungria no B, Itália no C, e Áustria no D não fizeram mais do que figura de corpo presente, sendo que os austríacos fizeram a sua despedida a prova na segunda jornada após uma pesada derrota diante do desconhecido Iraque por 1-5!
A excessão do desastre europeu foi mesmo a União Soviética, que na segunda ronda praticamente selou a presença nas meias finais graças a um triunfo por 2-1 sobre os paraguaios, com destaque para o golo e a exibição sublime de Vladimir Bessonov, para muitos considerado o melhor jogador deste primeiro torneio da FIFA.
Na terceira e última ronda de nada valeu a goleada do Paraguai sobre o Iraque, por 4-0, com destaque para o bis (dois golos) da estrela-mor dos sul-americanos, o centro-campista Pedro Lopez.
E no outro encontro a Áustria despediu-se do Mundial juvenil com um empate a zero bolas ante a equipa mais forte do grupo, os qualificados soviéticos.
Lotaria dos penaltis decide finalistas
Rades foi a localidade escolhida pela organização para acolher quer os jogos das meias-finais, quer os encontros de atribuição dos terceiro e quarto lugares e final. Começando pelas meias-finais a curiosidade reside no facto de ambos os jogos terem sido decididos após a marcação de grandes penalidades.
A 6 de julho Brasil e México subiram ao relvado do Estádio El Menzah, recaindo o favoritismo sobre o conjunto treinado por Evaristo de Macedo. Porém, os mexicanos partiam para este duelo com o título de seleção surpresa do torneio, já que haviam deixado para trás os fortes conjuntos da Espanha e da França durante a primeira fase. E seria após uma primeira parte equilibrada, e sem golos, que os mexicanos se adiantariam no marcador aos 53 minutos, na sequência de um tento de Eduardo Rergis. O Brasil tremeu, mas não caiu, e seis minutos volvidos Jorge Luíz repôs a igualdade. O tempo foi passando e a defesa do país centro-americano levou a melhor sobre a avalanche ofensiva canarinha que se seguiu após o golo de Jorge Luíz. O prolongamento não encontrou um primeiro finalista, pelo que foi necessário recorrer-se às grandes penalidades. E aqui a lotaria saiu aos mexicanos, que derrubariam os artistas brasileiros por 5-3. Igual sorte, ou mérito, tiveram os soviéticos no dia seguinte, já que após um nulo com a combatida a criativa seleção uruguaia foram mais felizes no desempate por grandes penalidades, neste caso por 4-3.
Lotaria voltou a andar à roda para definir o campeão
A 9 de julho Rades engalanou-se para assistir a um dos clássicos do futebol sul-americano, protagonizado por Brasil e Uruguai, que entre si lutavam pela medalha de bronze. Contra todas as expectativas este foi um duelo desequilibrado, conforme traduz a expressiva vitória canarinha por 4-0. O bronze estava assim entregue. E mais do que a medalha de bronze o Brasil saia da Tunísia com o melhor ataque da prova (13 golos) e com o melhor homem-golo do certame (Guina, com quatro remates certeiros).
Um dia mais tarde realizou-se a grande final. Frente a frente o eficaz mecânico futebol soviético contra o eletrizante e fantasista futebol mexicano. Um grande encontro em perspectiva. E assim foi. Após uma primeira parte sem golos o verdadeiro espetáculo apareceu na etapa final. E o primeiro toque artístico foi dado aos 50 minutos por intermédio de Fernando Garduno, que desta forma colocava os centro- americanos na frente. Sol de pouca dura no entanto, já que dois minutos volvidos a estrela soviética, e melhor jogador desta final, Vladimir Bessonov, restabeleceu a igualdade.
O encontro estava aberto, de ataque contínuo a ambas as balizas, e um novo golo poderia surgir a qualquer momento. E voltou a acontecer aos 59 minutos, através de Manzo, que assim voltava a recolocar o México na frente. A União Soviética não desistiu, e com rápidos toques ia levando a bola sempre com perigo à baliza de Marco Paredes. Como diz o velho ditado "tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia acaba por partir", e a dois miuntos dos 90 a vontade dos europeus foi premiada com o justo golo da igualdade, da autoria, claro está, de Bessonov. O árbitro francês Michel Vautrot apitou pouco depois para o fim do jogo. Veio o prolongamento que nada decidiu, e mais uma vez recorreu-se à lotaria das grandes penalidades. E mesmo aqui o empate resistiu, pois só no final da segunda série de penaltis se encontrou um campeão, o qual dava pelo nome de União Soviética, que com uma vitória por 9-8 se tornava assim no primeiro campeão mundial de júniores da história. E para a eternidade ficavam nomes como Sergei Baltacha, Andrei Bal, e claro Vladimir Bessonov, entre outros, os heróis soviéticos.
A figura: Guina
Vladimir Bessonov foi rotulado pela FIFA como o melhor jogador do Mundial de 1977. Porém, e para nós, o cerebral estilo de jogo do soviético só foi eclipsado pela magia do brasileiro Aguinaldo Roberto Gallon, conhecido nos relvados como Guina. Médio ofensivo ele foi aos 19 anos o melhor marcador do torneio, com quatro golos, e mais do que isso o verdadeiro camisa 10 do escrete, o maestro da orquestra montada por Evaristo de Macedo. O Campeonato do Mundo de Sub-20 foi mesmo o minuto de fama de Guina no planeta da bola. Nascido a 4 de fevereiro em Ribeirão Preto ele representava o Vasco da Gama na altura em que integrou o selecionado brasileiro que viajou até à Tunísia. 1977 foi mesmo um ano de ouro para o jovem Guina, já que ao serviço do emblema do Rio de Janeiro ele venceu o campeonato carioca e a Taça Guanabara. Saiu de São Januário (casa dos vascaínos) em 1981 para rumar à Europa, mais concretamente a Espanha, onde durante cinco temporadas e meia defendeu as cores do Real Murcia. Em 1986/86 atravessou a fronteira para em Portugal defender por meia temporada as cores do Belenenses. Voltaria a Espanha, onde jogaria mais quatro temporadas, três ao serviço do Tenerife e uma com o emblema do Elche ao peito. Pendurou as chuteiras em 1992 na sua cidade natal, ao serviço do Botafogo Futebol Clube. Pela seleção principal do Brasil, Guina só atuou uma única vez!
Nomes e números:
Grupo A
1ª Jornada
França - Espanha: 1-2
(Becconnier, aos 75m)
(Escobar, aos 29m, Casas, aos 60m)
México - Tunísia: 6-0
(Placencia, aos 48m, aos 69m, aos 72m, Manzo, aos 46m, aos 47m, Garduno, aos 56m)
2ª Jornada
Espanha - México: 1-1
(Escobar, aos 46m)
(Rodriguez, aos 73m)
Tunísia - França: 0-1
(Meyer, aos 20m)
3ª Jornada
França - México: 1-1
(Wiss, aos 64m)
(Moses, aos 70m)
Espanha - Tunísia: 0-1
(Ben Fattoum, aos 52m)
Classificação
1-México: 4 pontos
2-Espanha: 3 pontos
3-França: 3 pontos
4-Tunísia: 2 pontos
Grupo B
1ª Jornada
Marrocos - Honduras: 0-1
(Norales, aos 46m)
Uruguai - Hungria: 2-1
(Diogo, aos 15m, Bica, aos 25m)
(Peter, aos 17m)
2ª Jornada
Honduras - Uruguai: 0-1
(Nadal, aos 29m)
Hungria - Marrocos: 2-0
(Kerekes, aos 26m, Nagy, aos 56m)
3ª Jornada
Hungria - Honduras: 0-2
(Yearwood, aos 7m, Duarte, aos 30m)
Uruguai - Marrocos: 3-0
(Nadal, aos 36m, Enrique, aos 44m, Ramos, aos 51m)
Classificação
1-Uruguai: 6 pontos
2-Honduras: 4 pontos
3-Hungria: 2 pontos
4-Marrocos: 0 pontos
Grupo C
1ª Jornada
Itália - Costa do Mardim: 1-1
(Capuzzo, aos 11m)
(Kouassi, aos 77m)
Brasil - Irão: 5-1
(Guina, aos 22m, aos 29m, aos 39m, Paulo Roberto, aos 37m, Júnior Brasília, aos 52m)
2ª Jornada
Irão - Itália: 0-0
Costa do Marfim - Brasil: 1-1
(Semon, aos 46m)
(Cléber, aos 89m)
3ª Jornada
Irão - Costa do Marfim: 3-0
(Asheri, aos 31m, aos 87m, Barzegar, aos 80m)
Brasil - Itália: 2-0
(Guina, aos 11m, Paulinho, aos 48m)
Classificação
1-Brasil: 5 pontos
2-Irão: 3 pontos
3-Itália: 2 pontos
4-Costa do Marfim: 2 pontos
Grupo D
1ª Jornada
União Soviética - Iraque: 3-1
(Petrakov, aos 19m, aos 23m, Bal, aos 39m)
(Munshid, aos 77m)
Áustria - Paraguai: 0-1
(Morel, aos 62m)
2ª Jornada
Iraque - Áustria: 5-1
(Muhammad, ao 1m, aos 34m, aos 38m, Munshid, aos 30m, Hammadi, ?)
(Weiss, aos 28m)
Paraguai - União Soviética: 1-2
(Battaglia, aos 38m)
(Khidiyatullin, aos 29m, Bessonov, aos 59m)
3ª Jornada
Paraguai - Iraque: 4-0
(Lopez, aos 30m, aos 68m, Salmaniego, aos 26m, Gimenez, aos 67m)
Áustria - União Soviética: 0-0
Classificação
1-União Soviética: 5 pontos
2-Paraguai: 4 pontos
3-Iraque: 2 pontos
4-Áustria: 1 pontos
Meias-finais
México - Brasil: 1-1 (5-3 nas grandes penalidades)
(Rergis, aos 53m)
(Jorge Luíz, aos 59m)
União Soviética - Uruguai: 0-0 (4-3 nas grandes penalidades)
Jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares
Brasil - Uruguai: 4-0
(Cléber, aos 13m, Paulo Roberto, aos 30m, Paulinho, aos 53m, Tião, aos 69m)
Final
União Soviética - México: 2-2 (9-8 nas grandes penalidades)
Data: 10 de julho de 1977
Estádio: El Manzah, em Rades (Tunísia)
Árbitro: Michel Vautrot (França)
União Soviética: Novikov (Sivuha, aos 100m), Kriachko, Baltacha, Kaplun, Iljin, Bal, Bessonov, Khidiyatullin, Bychkov, Sopko, e Bodrov. Treinador: Serguel Massiaguine
México: Paredes, Mora, Rubio, Alvarez, Cosio, Rodriguez, Garduno, Rergis, Lopez Zarza, Manzo, Placencia. Treinador: Alfonso Portugal
Golos: 0-1 (Garduno, aos 50m), 1-1 (Bessonov, aos 52m), 1-2 (Manzo, aos 59m), 2-2 (Bessonov, aos 88m)
Legenda das fotografias:
1-Troféu que premeia o campeão do Mundo de sub-20
2-Cartaz oficial do Tunísia 77
3-Seleção do Uruguai
4-Luigi Capuzzo, autor do primeiro golo de uma fase final
5-Selecionador do Brasil, Evaristo de Macedo
6-A estrela soviética, Bessonov
7-Pedro Lopez, do Paraguai
8-O Estádio de Rades, onde decorreram as meias-finais e a final do certame
9-Fase da final do campeonato (1)
10-Fase da final do campeonato (2)
11-Guina, o melhor marcador do Mundial
12-A seleção da França
13-Seleção brasileira
14-Presidente da FIFA, João Havelange, entrega o trofeú de campeão aos soviéticos
15-Para a eternidade, a equipa da União Soviética, a primeira campeã mundial de júniores
DEDICADO A UMA GRANDE SENHORA, A UMA GRANDE AMIGA, A UM GRANDE SER HUMANO, A UMA ENORME E ÚNICA MÃE... A MINHA MÃE, QUE ETERNAMENTE VIVERÁ DENTRO DO MEU CORAÇÃO...
quarta-feira, julho 10, 2013
Foste, és, e serás sempre a estrela que guia a minha vida...
Sempre foste, és, e serás a estrela que ilumina o meu caminho, a estrela que me orienta em momentos de intempérie mas também em momentos de serenidade, a estrela que me protege e me encoraja a seguir o caminho dos sonhos, a estrela que me leva pelos caminhos da paz, da fraternidade, da amizade, da verdade, do amor...
(Esta é apenas uma ínfima parte de pequenos momentos de um amor eterno, aos quais junto algumas palavras que tu me ensinaste a descobrir)
sexta-feira, julho 05, 2013
Até um dia minha querida mãe
Não, hoje não vamos evocar nenhum momento do belo jogo mas antes falar da responsável não só pela minha existência mas sobretudo por tudo aquilo que sou. A minha mãe, a minha querida e amada mãe. Partiu ontem, depois de uma longa e dolorosa batalha contra um cancro, um maldito monstro que ma tirou, que me impede no dia de hoje de contemplar o seu sorriso, de escutar a melodia da sua voz, e de sentir o afago do seu abraço, que me impede hoje de ancorar no meu porto de abrigo. Esse porto de abrigo que agora ruiu e me deixa completamente à deriva no caminho que me resta percorrer nesta viagem que é a vida. Hoje, ao acordar, comecei a sentir algo de muito estranho dentro de mim, um sentimento de vazio, acho que é a isso que se chama saudade, a saudade que daqui em diante me vai acompanhar dia após dias. Como combater este vazio? Não sei. Sei que vai doer, cada segundo, cada minuto, cada dia... Quero acreditar que esta ausência será temporária, e que um dia irei de novo ancorar no meu porto de abrigo, que um dia te vou reencontrar, te irei abraçar, beijar, mimar, como sempre fazia, e te vou dizer o quanto te amo, o quanto significas para mim. Já sinto muito a tua falta, sinto, não imaginas como. Amanhã vou sentir ainda mais, e depois mais e mais... Não seu como vou viver sem ti daqui em diante, só sei que nada vai ser como dantes, que terei de reaprender a viver num Mundo que não foi justo para ti, um Mundo que agora fica órfão de um ser humano ímpar e que é e será o meu exemplo de vida. Sinto ao mesmo tempo uma alegria e orgulho enorme por tu seres a minha mãe. Tu sabes disso. Resta-me dizer-te até já, até um dia, e que descanses em paz, e vais continuar bem viva dentro de mim, do meu coração, até ao fim da minha caminhada terrestre. AMO-TE para sempre...