segunda-feira, janeiro 03, 2011

Grandes Mestres do Jornalismo Desportivo (10)... Artur Agostinho

Ano novo... hábitos antigos, o mesmo é dizer que o Museu irá continuar a sua missão de desfiar o novelo da história da bola. E nestes primeiros momentos de 2011 vamos permanecer na vitrina das lendas do jornalismo desportivo, um dos meus cantinhos favoritos – por razões óbvias – neste humilde espaço virtual. E depois de há poucos dias termos evocado o mito Aurélio Márcio vamos hoje prestar uma profunda homenagem a outro astro das letras: Artur Agostinho. Um nome que a bem dizer dispensa qualquer tipo de apresentações, já que ele é sinónimo de uma carreira ímpar e invejável – no bom sentido, pois claro – ao serviço da comunicação social.
Nascido no dia de Natal de 1920, em Lisboa, Artur Fernandes Agostinho desde cedo começou a reservar o seu lugar no “Olimpo” dos Deuses do jornalismo desportivo nacional quando aos 17 anos a sua inconfundível voz iniciava uma caminhada triunfal pelos microfones da rádio. Uma união – homem/rádio – que teve o seu casamento (oficial) em 1945, ano em que Artur Agostinho se torna profissional da Emissora Nacional. O resto é pura lenda, como diriam alguns, pois ao longo das quatro décadas seguintes este homem tornou-se na companhia diária de muitos amantes da rádio, em especial daqueles que tinham um gosto especial pelo fenómeno desportivo.
Neste aspecto Agostinho fez a cobertura de três edições dos Jogos Olímpicos (!), nomeadamente os de Helsínqia (1952), Roma (1960), e Tóquio (1964), de dezenas de edições da Volta a Portugal em Bicicleta, e claro está dos grandes acontecimentos futebolísticos do planeta. Aqui destaca-se a presença no Mundial de 1966, onde narrou para a RTP – casa que entretanto o havia acolhido em 1956, precisamente o ano de estreia da televisão em Portugal – com mestria os feitos de Eusébio e companhia.
Pela sua voz os microfones da RTP guardam também os melhores momentos das equipas portuguesas nas competições europeias de futebol, entre outros as duas vitórias do Benfica na Taça dos Campeões Europeus, e o triunfo do Sporting na Taça dos Vencedores das Taças.
Sporting Clube de Portugal que era um dos grandes amores de Artur Agostinho. Assumidamente sportinguista de alma e coração o mestre foi director do Jornal do Sporting durante vários anos. A sua ligação aos jornais não se ficou no entanto por aqui, muito longe disso, tendo assumido igualmente a direcção do Record entre 1969 e 1974. A Bola, o Norte Desportivo, o Diário Popular, e o Diário de Lisboa têm também o privilégio de guardar nos seus arquivos inúmeras prosas futebolísticas do mestre Artur Agostinho. A sua veia de comunicador não se restringe apenas ao jornalismo desportivo, já que o cinema sempre foi outra das suas paixões. Neste campo estreou-se em 1947 no filme Capas Negras, sendo que neste mesmo ano ajudou a imortalizar outro clássico da “sétima arte” lusitana: O Leão da Estrela. Ao nível da TV participou ainda em diversas séries de ficção nacional, como, por exemplo, Ganância, Inspector Max, Ana e os Sete, ou Pai à Força.
Artur Agostinho foi um dos grandes mestres da escola de – bem fazer – jornalismo, não sendo de estranhar que após ter completado a bonita idade de 90 anos – no passado dia 25 de Dezembro de 2010 – tenha sido condecorado pelo Presidente da República, Cavaco Silva, com a Comenda da Ordem Militar de Sant'Tiago da Espada. Uma homenagem mais do que merecida a este imortal vulto da comunicação lusitana.
(Nota: Morreu a 22 de Março de 2011, aos 90 anos de idade).

Legenda das fotografias:
1- A simpática figura de Artur Agostinho
2- O mestre visivelmente emocionado ao lado de Cavaco Silva no dia em que este último o condecorou com a Comenda da Ordem Militar de Sant'Tiago de Espada

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