quarta-feira, janeiro 23, 2013

Histórias do Futebol em Portugal (11)... Bailinho da Madeira

Surpresa foi - indiscutivelmente - a palavra de ordem da 5ª edição do Campeonato de Portugal, ocorrida em 1926, na sequência do glorioso trajeto percorrido pelo Marítimo, o crónico campeão da Associação de Futebol da Madeira que mais do que vencer o título foi o responsável por uma das maiores humilhações da história do gigante FC Porto! Mas já lá iremos.
Esta edição fica ainda vincada pela acesa - e crescente - rivalidade entre as cidades do Porto e de Lisboa, rivalidade essa nem sempre bonita de se ver em espetáculos desportivos...
Campeonato de Portugal de 1926 que teve mais uma estreia em termos de aderentes, digamos assim, mais concretamente a Associação de Futebol de Vila Real, que se fez representar pelo seu campeão, o Sport Clube Vila Real. Equipa esta cuja sorte nada quis consigo, já que na 1ª eliminatória o azar bateu à porta dos vilarealenses ao colocar-lhes no caminho nada mais nada menos do que o campeão de Portugal em título, o poderoso FC Porto. No Campo do Covelo, a 5 de maio desse ano, os portistas esmagaram os transmontanos por 10-0 (!), sendo de destacar a veia goleadora do capitão de equipa Norman Hall, autor de oito tentos! Balbino da Silva encarregou-se de apontar os outros dois.
Nesse mesmo dia, mas em Lisboa, mediram forças no Campo Grande (recinto do Sporting) os campeões das associações de futebol de Aveiro e de Coimbra, respetivamente o Sporting de Espinho e o União de Coimbra, o vencedor surpresa do regional da cidade dos estudantes. Foi um duelo intenso e de vencedor incerto até bem perto do fim, onde os espinhenses estiveram grande parte do tempo em desvantagem no marcador, acabando, no entanto, já perto do fim, por dar a volta e vencer por 4-3.
Quanto ao Sporting de Braga o destino voltou a colocar-lhe no caminho o seu carrasco das duas edições anteriores, ou seja, o Vianense. Campeões de Viana do Castelo que em 1924 e 1925 haviam - curiosamente - então afastado os bracarenses na 1ª ronda da prova, só que há terceira veio a vingança dos homens da Cidade dos Arcebispos.Um golo solitário de Chelas selou a tal vingança bracarense sobre os vizinhos da Princesa do Lima, que desta forma superavam pela primeira vez a barreira da ronda inaugural.

Em Lisboa, e novamente no Campo Grande, assistiu-se a um dérbi alentejano, entre os campeões das associações de Portalegre e de Beja, respetivamente o Estrela e o Luso. Com arbitragem do lisboeta Ilídio Nogueira foi mais forte o conjunto do Baixo Alentejo, que graças a dois golos de Fausto e Martins avançava para os quartos-de-final.
Por último, entrou em campo o Belenenses, que poucas semanas havia angariado o direito de participar no Campeonato de Portugal em virtude da conquista do seu primeiro título de campeão da Associação de Futebol de Lisboa. Orientados tecnicamente pelo fundador do clube da Cruz de Cristo, Artur José Pereira, os jogadores belenenses não sentiram grandes dificuldades para afastar os Leões de Santarém, conforme traduz a expressiva vitória por 7-2, com destaque para os bis (dois golos) das grandes estrelas dos lisboetas daquela altura, Pepe e Rodolfo Faroleiro.

Belenenses que nos quartos-de-final, disputados no dia 16 de maio, voltou a mostrar o porquê de ter vencido com mérito o dificil Campeonato de Lisboa, onde superrou duros obstáculos, como por exemplo Sporting e Benfica! Não é para todos. Mas voltando ao Campeonato de Portugal, os azuis de Belém aplicaram uma nova goleada, desta feita ao Sporting de Espinho, que saiu do Campo Grande vergado a uma derrota de 1-4.
Mais a norte, no Porto, o crónico campeão local despachava o Sporting de Braga por 3-0, com golos de Balbino da Silva (dois) e Hall, o inglês que haveria de se sagrar o melhor marcador desta edição da prova. E por falar em campeões crónicos, em Setúbal (no Campo dos Arcos) entrou em campo o campeão do Algarve, o Olhanense - isento da 1ª eliminatória -, que iria golear por 5-0 o Luso Beja.

Marítimo humilha o FC Porto!

E chegavámos assim às meias-finais. Eliminatória esta onde de acordo com os regulamentos da União Portuguesa de Futebol (UPF) estava já o campeão da Madeira, o Marítimo, que tal como nas edições anteriores havia escapado às primeiras eliminatórias. Estranha foi a decisão do organismo que tutelava o futebol português em fazer com que o campeão da Associação de Futebol do Porto disputasse a sua meia final em Lisboa, e o campeão da associação da capital lutasse pelo acesso à final em terrenos portuenses! Sem se compreender esta caricata decisão da UPF o FC Porto lá teve de viajar para Lisboa para enfrentar o Marítimo... num ambiente para lá de hostil. No Campo Grande os portistas lutaram contra dois adversários, o conjunto oriundo da Madeira, e o público, afeto aos clubes da capital, que não se cansou de apupar e insultar os jogadores azuis-e-brancos ao longo da partida. Era visível o ódio de estimação que começava a crescer entre os adeptos dos clubes das duas maiores cidades do país, sendo que na memória dos lisboetas estava ainda bem fresca a final do Campeonato de Portugal de 1925, entre o FC Porto e o Sporting, último clube este que segundo a imprensa lisboeta - claro está - saíra prejudicado pela atuação do árbitro galego Rafael Nuñez.
Mas voltando ao duelo do Campo Grande - que estava cheio como um ovo - o que se assistiu ao longo de 90 minutos foi um autêntico vendaval madeirense! Quiçá afetados pela hostilidade do público local os portistas viveram uma tarde de pesadelo, um dos piores momentos da sua história, há que dizê-lo. Foram esmagados - a palavra mais simpática que encontramos para descrever os acontecimentos vividos naquela tarde - pelos madeirenses por 7-1! Sim, sete, e mais poderiam ter sido caso o melhor elementos dos desnorteados portistas não tivesse sido o seu lendário guarda-redes Mihaly Siska. Este resultado impensável causou delírio entre o público da capital, que festejou a vitória do Marítimo como se esta tivesse sido alcançada por um dos seus clubes de eleição.

A imprensa lisboeta também não perdeu - mais uma vez - a oportunidade de empolar este histórico acontecimento desportivo, ou melhor, a celébre tragédia portista. O Ecos do Sport - que deu grande destaque à partida - escrevia: «Esta é a verdade: Siska não foi batido só pelo ataque do Marítimo, mas, sobretudo, pela sua própria defesa. Siska foi o único no grupo do Porto que jogou. Ele teve, na realidade, um trabalho extenuante, porque os avançados da Madeira atiraram ao goal (baliza) quase quando e como quiseram. Assim desajudado qualquer guarda-redes sucumbia. A arbitragem de Ilídio Nogueira (de Lisboa) foi, quanto a nós, muito acertada, não se perturbando ante as ruidosas manifestações do público que, a todo o transe, queria fouls (faltas) contra o Porto».
Na cidade do Porto o resultado foi recebido com choque entre os adeptos do emblema azul-e-branco. Com a vergonha - diante de tamanha derrota - dezenas de sócios portistas rasgaram os seus cartões de associados, calcaram emblemas, queimaram bandeiras, e não pouparam críticas aos seus jogadores, dirigentes, e claro, ao treinador. O elo mais fraco acabou mesmo por ser o húngaro Akos Tezler, que um ano antes havia conduzido os portistas ao título de campeão de Portugal, acabando por ser despedido pouco depois desta trágica eliminatória, ao que parece por ter pedido um... aumento de ordenado após ter sido humilhado pelos rapazes da Madeira!
O rescaldo do jogo ante o Marítimo prolongou-se por mais alguns dias mais, tendo o presidente da Direção do clube da Invicta, Domingos Almeida Soares, saido a terreiro para não só lamentar tamanha derrota mas sobretudo para criticar a hostilidade com que o seu clube foi recebido em Lisboa, lamentando profundamente «a antipatia formidável que o sul mantém pelo norte».

Fundado no ano (1910) da implantação da República o Marítimo construía assim o momento mais sublime da sua ainda curta história de vida. Um momento presenciado por um jovem rapaz de 14 anos, que à socapa havia viajado incógnito no paquete Lima, o barco que transportou os madeirenses até ao continente. Vasco Nunes, o nome deste aventureiro de palmo e meio, que posteriormente contou à imprensa a sua recambulesca história. «Comprei um quilo de bolachas e uma garrafa de groga numa venda onde a minha mãe tem confiança, agarrei nos embrulhos e na trouxa, deitei a correr para o cais, meti-me numa lancha e fui para bordo, onde me escondi debaixo de um beliche. Já o barco tinha levantado ferro, senti-me agarrado pela grenha e pus-me a chorar. Era um criado, um malandro, que me bateu e levou ao comandante. Já o barco ia nas laturas de Porto Santo. Depois levaram-me para 3ª classe, onde os rapazes do Marítimo, sabendo do meu caso, me iam levar de comer. Quando chguei a Lisboa é que foi o diabo. Queríam entregar-me à polícia marítima e chegaram a meter-me no porão, onde tive medo de umas vacas muito grandes que lá estavam. Quem me salvou foi o José Ramos e o Domingos, o capitão do Marítimo. Foram ao comandante e pediram a minha liberdade, dizendo que se responsabilizavam por mim...». De pronto Vasco tornou-se na mascote da equipa, acompanhado de perto a caminhada gloriosa dos verde-rubros no campeonato, em cuja final encontraram os rapazes de Belém, que na meia-final haviam derrotado o Olhanense por uns curtos 2-1.

Final só durou 60 minutos!

A comitiva madeirense teve de fazer um esforço financeiro para permanecer no continente por mais duas semanas (!) até ao jogo da final. Jogo decisivo que a UPF agendou para o Porto, mais precisamente para o Campo do Ameal, propriedade do Progresso. Decisão que fez estalar o verniz entre jogadores e dirigentes belenenses. Cientes da intensa rivalidade entre Lisboa e Porto os homens da Cruz de Cristo receavam ser... mal recebidos na Invicta, e como tal protestaram o palco da final. A UPF fez ouvidos moucos e os belenenses lá foram contrariados para o Porto onde - tal como haviam previsto - foram recebidos com uma cruel hostilidade pelo público portuense. Adeptos estes que, esquecendo a humilhação que o Marítimo havia aplicado ao FC Porto semanas antes, tomaram partido do conjunto da Madeira do príncipio ao fim do jogo ocorrido a 6 de junho.
Os jogadores de Belém entraram no Ameal debaixo de um coro ruidoso de assobios e apupos, ambiente que desde logo os enervou, e condicionaria em grande parte do encontro. O portuense José Guimarães foi o árbitro de um jogo que até começou equilibrado, com luta intensa a meio campo. Com o avançar do relógio, e com os gritos de incentivo ao Marítimo como som de fundo, a partida foi endurecendo, o que favorecia os rapazes da ilha da Madeira, mais resistentes do ponto de vista físico. Madeirenses que aos 35 minutos dispuseram de uma oportunidade sublime para chegar à vantagem, na sequência de uma grande penalidade assinalada a castigar uma falta belenense. Oportunidade que seria desperdiçada, e o encontro lá continuou com o nulo no marcador até ao intervalo. Na etapa complementar o Belenenses entrou melhor, mas seria o Marítimo a chegar ao golo à passagem do minuto 55 por intermédio de José Fernandes, na cobrança de um livre direto.

Cinco minutos volvidos Ramos faria o 2-0, e o Campo do Ameal explodiu de alegria, ao mesmo tempo em que os jogadores lisboetas eram provocados e ridicularizados pelo público ali presente. Belenenses que protestaram vincadamente o segundo golo insular, alegando irregularidades. Augusto Silva, um dos melhores jogadores dos azuis, terá mesmo puxado o braço do árbitro, pedindo-lhe satisfações, ao que este sem mais demora deu ordem de expulsão ao belenense. Augusto Silva recusou-se a sair do campo, e a desordem instalou-se no Ameal. O público continuava a insultar os lisboetas, agora mais do que nunca, e só a intervenção pronta da polícia a cavalo terá evitado males maiores. Augusto Silva continuava a recusar sair do campo, e assim sendo, o árbitro, após consultar os dirigentes da UPF ali presentes, decidiu por encerrar o jogo, e consequentemente atribuir o título de campeão ao Marítimo.
A festa estalou de pronto. Era como se os madeirenses estivessem a jogar em casa! Os lisboetas não calaram a sua revolta, e no dia seguinte a imprensa da capital saia mais uma vez em defesa dos seus: «Caído o verniz da compustura, os facciosos portuenses deram largas ao seu despeito e ao seu rancor a Lisboa, os jogadores do Belenenses tiveram de passar por entre alas de público que os cobriu de vaias, dirigindo-lhes  os insultos mais soazes. Estiveram iminentes vários conflitos...», assim escrevia Ribeiro dos Reis no Sport de Lisboa.
No dia 10 de junho, a comitiva do Marítimo chega finalmente a casa. A ilha da Madeira parou por completo nesse dia para receber de forma apoteótica os seus heróis.

A figura: Norman Hall

O FC Porto pode até ter saído humilhado deste Campeonato de Portugal, mas o seu lendário capitão de equipa da época, Normal Hall, foi a figura da competição. Nasceu em Inglaterra, em finais do século XIX (12 de outubro de 1897), tendo aos oito anos de idade vindo com os seus pais para Portugal, onde iniciaria, tempos mais tarde, a sua brilhante carreira de futebolista no clube do seu coração, o FC Porto. Avançado habilidoso e eficaz Hall cedo se tornou num ídolo da fervorosa massa adepta do clube nortenho.
Em finais de 1919 passou a integrar a equipa principal do clube, sendo que para além de um notável jogador era um verdadeiro cavalheiro. Um gentleman, um exemplo de fair-play, sempre amável com os seus companheiros e cordeal com os adversários. Esta tornar-se-ia na sua imagem de marca. A sua estreia com a camisola do Porto foi histórica. Aconteceu a 4 de abril de 1920, em Lisboa, diante do Benfica, um jogo que os portistas venceram por 3-2, sendo esta a primeira vitória azul-e-branca alcançada no reduto do inimigo do sul.
Era um goleador nato, e a prova disso foram os seus 10 golos apontados neste Campeonato de Portugal de 1926, sendo oito deles no jogo diante do Vila Real. Foi capitão do FC Porto durante várias épocas, e no seu palmarés constam 12 títulos de campeão regional e um de campeão de Portugal (24/25). Despediu-se dos campos de futebol no início da década de 30, e dele ficou a memória de um grande desportista, de um homem honesto, um cavalheiro, portador de uma paixão desmedida pelo seu FC Porto.

Nomes e números do Campeonato de Portugal de 1925/26

1ª eliminatória

Sporting de Espinho - União de Coimbra: 4-3

FC Porto - Vila Real: 10-0

Braga - Vianense: 1-0

Luso Beja - Estrela de Portalegre: 2-0

Belenenses - Leões de Santarém: 7-2

Quartos-de-final

Belenenses - Sporting de Espinho: 4-1

FC Porto - Braga: 3-0

Olhanense - Luso Beja: 5-0

Meias-finais

Marítimo - FC Porto: 7-1

Belenenses - Olhanense: 2-1

Final

Marítimo - Belenenses: 2-0 (final dada por terminada aos 60 minutos)

Data: 6 de junho de 1926

Estádio: Campo do Ameal, no Porto

Árbitro: José Guimarães (do Porto)

Marítimo: Ângelo Ortega Fernandes; António Sousa e José Correia; Domingos Vasconcelos cap, Francisco Lopes e José de Sousa; José Ramos, António Alves, António Teixeira “Camarão”, Manuel Ramos e José Fernandes.Treinador: Ekker

Belenenses: Francisco Assis; Eduardo Azevedo e Júlio Marques; José Almeida, Augusto Silva cap e César Matos; Fernando António, Rodolfo Faroleiro, Silva Marques, José Manuel Soares “Pepe” e Alfredo Ramos. Treinador: Artur José Pereira

 Golos: 1-0 (Fernandes, aos 55m), 2-0 (Ramos, aos 60m)


Legenda das fotografias:
1-Equipa do Marítimo campeã de Portugal
2-Belenenses
3-Lance do jogo entre Marítimo e FC Porto
4-Página do jornal Ecos dos Sports, noticiando a tarde negra dos portistas
5-A capa do citado jornal, ilustrando o quinto golo madeirense
6-Lance do primeiro golo madeirense
7-Lance do segundo tento dos campeões de Portugal de 1926
8-Norman Hall
9-A festa madeirense aquando da chegada do Marítimo à ilha

terça-feira, janeiro 22, 2013

Futebol nos Jogos Olímpicos (7)... Londres 1948

Aquele que na primeira metade do século XX era indiscutivelmente o único evento - desportivo ou não - capaz de agregar ao seu redor, e sobretudo unir, povos de diferentes raças, credos, religiões, ou ideais políticos, foi uma vez mais travado pela erupção da guerra. Desta vez o tempo de paragem foi bem longo, tendo o demorado e penoso inverno durado 12 anos (!) - entre 1936 e 1948. 
Finda a II Guerra Mundial (1939-1945) o Mundo reerguia-se lentamente, tratando das - muitas - feridas causadas pelo confronto bélico, pelo que seria num planeta em reconstrução que em 1948 Londres acolhe pela segunda vez na sua história os Jogos Olímpicos. No plano futebolístico a 11ª edição das Olimpíadas da Era Moderna confirmou o que já se vinha verificando desde os Jogos de 1932, isto é, que o desporto rei perdia fulgor no seio do grande evento desportivo planetário. Futebol que por esta altura vivia debaixo dos holofotes do profissionalismo - inimigo do amadorismo olímpico - e como tal eram cada vez menos as seleções e jogadores de topo que participavam na festa olímpica, fazendo com que o torneio de futebol fosse olhado com muito pouco interesse pelas gentes ligadas a esta modalidade. Apesar de pouco mediático o torneio olímpico de 1948 figura na história como um dos mais produtivos no que concerne a golos. No total foram 102 as ocasiões em que a bola beijou as malhas das balizas, o equivalente a uma media de 6 golos por jogo. Números que ganham um contorno mais impressionante se atendermos ao facto de que apenas foram disputadas 18 partidas!
Recordes à parte os Jogos de Londres coroaram como campeã olímpica uma seleção pouco habituada a festejar títulos, pese embora fosse uma presença habitual neste tipo de eventos. A Suécia conquistou na catedral do futebol planetário, o mesmo é dizer, Wembley, o título mais pomposo da sua história, sucendendo desta forma à Itália no trono olímpico.

A maratona do torneio olímpico teve início a 26 de julho, em Portsmouth, cidade costeira do sul de Inglaterra que a par de Brighton, Brentford, e Londres, claro está, acolheu os duelos futebolísticos. No primeiro encontro da ronda pré-eliminar a Holanda bateu por 3-1 a República da Irlanda com destaque para o bis (dois golos) de Faas Wilkes. No mesmo dia, mas em Brighton, o estreante Afeganistão foi humilhado pelo frágil Luxemburgo por 0-6! Uma partida onde a inexperiência e a falta de habilidade - há que dizê-lo - dos afegãos foi por demais evidente. Do lado luxemburguês Julien Gales e Marcel Paulus foram as estrelas da tarde, ao apontar cada um deles dois golos.
E no dia 31 de julho o torneio olímpico chegou a Londres. Em Craven Cottage, recinto do Fulham, a Jugoslávia acabava com a euforia do Luxemburgo, na sequência de uma expressiva vitória por 6-1, com golos para todos os gostos e feitios num jogo que abriu a 1ª eliminatória. Craven Cottage que foi um dos oito estádios londrinos onde se desenrolaram a esmagadora maioria dos 18 encontros da competição.
Selhurst Park, no sul da capital inglesa, foi outro, sendo que no seu relvado evoluíram nesse mesmo dia 31 de julho as equipas da Dinamarca e do Egito, esta última o único representante do continente africano no torneio. O jogo foi equilibrado, e com raras oportunidades de golo, pelo que a primeira vez que o esférico tocou o fundo de uma das balizas o relógio marcava 82 minutos de jogo! O dinamarquês Karl Aage Hansen seria o autor desse tento inaugural, ao qual os egípcios responderam um minuto mais tarde por intermédio de El Guindy, que repunha assim a teimosa igualdade no marcador. Seguiu-se um prolongamento de 30 minutos, onde os europeus foram mais fortes. Hansen voltou a fazer o gosto ao pé à passagem do minuto 95, sendo que a um minuto dos 120 Ploger carimbou de vez o passaporte dos escandinavos para os quartos-de-final.
Suado foi o triunfo da experiente França ante os caloiros da India, conforme traduz o magro resultado de 2-1. O tento da vitória gaulesa foi apontado aos 89 minutos (!) por intermédio de René Persillon.

A tarde de 31 de julho terminou em Highbury, a casa do popular Arsenal de Londres, que nesse dia registou casa cheia para ver a seleção anfitriã entrar em ação. Orientada por Matt Busby, lendário treinador do Manchester United, a Grã-Bretanha sentiu enormes dificuldades para ultrapassar a Holanda. Os holandeses inauguraram inclusive o marcador por Appel, e seguraram de forma heróica até ao final dos 90 minutos uma surpreendente igualdade a três golos. No tempo extra - aos 111 minutos - o avançado-centro do Bradford, Harry McIlvenny, sossegou as mais de 20 000 almas britânicas presentes ao apontar o 4-3 final que catapultou a turma da casa para a fase seguinte.
Os restantes encontros desta 1ª ronda ocorreram a 2 de agosto. A Turquia não sentiu grandes dificuldades ante uma China que tão boa conta tinha dado de si nos Jogos de 1936 - onde fez a vida negra à experiente Grã-Bretanha. 4-0, foi o resultado que catapultou os europeus para os quartos-de-final.
E no estádio do Tottenham, a futura campeã olímpica, a Suécia, despachava por 3-0 a Áustria, com destaque para os dois golos de Gunnar Nordahl, um dos elementos que integrou o mais famoso trio  do futebol sueco a par de Gunnar Gren, e Nils Leidholm, três nomes que se deram a conhecer ao Mundo precisamente nos Jogos Olímpicos de 48. Surpreendente foi o triunfo da Coreia do Sul sobre o México, por 5-3, num encontro onde uma vez mais se sentiu a festa do golo.

Por último, no Griffin Park, de Brentford, entraram em campo os detentores do ceptro olímpico, a Itália. O adversário da Squadra Azzurra era um velho conhecido desta, o combinado dos Estados Unidos da América (EUA), que se havia cruzado no caminho dos europeus nos Jogos de 1936, e no Mundial de 1934, dois torneios vencidos, como se sabe, pelos italianos. E como não há duas sem três também em Londres os europeus levaram de vencidos os soccer boys, desta feita por expressivos 9-0 (!), o resultado mais diltado desta 1ª eliminatória. Destaque para Francesco Pernigo, autor de quatro dos nove tentos dos italianos. Do lado dos norte-americanos esta foi uma experiência algo traumática para alguns homens que dois anos mais tarde haveriam de protagonizar aquela que muitos consideram como a maior surpresa - ou escândalo, se preferirem - ocorrida na fase final de um Campeonato do Mundo. Em 1950 o Brasil iria receber o quarto Mundial da FIFA, o primeiro em que os mestres ingleses participaram. Uma estreia que no entanto iria ser desastrosa, a todos os títulos, e que teve o seu pior momento a 29 de junho desse ano, em Belo Horizonte, local onde Sir Stanley Matthews e companhia foram humilhados pelos amadores dos EUA. Nesse célebre jogo - sobre o qual o Museu Virtual do Futebol já dedicou algumas páginas - participaram alguns nomes que integraram a modesta equipa yankee nas Olimpíadas londrinas, casos de Charlie Gloves (luvas) Colombo, Walter Bahr, Gino Pariani, Ed Souza, e John Souza, estes dois últimos descendentes de emigrantes portugueses. Aliás, e por falar em descendentes lusos, a seleção dos EUA que se deslocou a Londres foi integrada por uma mão cheia de atletas com raízes em Portugal. Para além de Ed e John Souza (que embora partilhassem o mesmo apelido não eram familiares) vestiram a camisola norte-americana Joseph Za-Za Ferreira, Joseph Rego-Costa, e Manuel Martin, todos eles jogadores do Ponta Delgada Soccer Club, um emblema da região de Massachusetts fundado pela comunidade portuguesa (na sua grande maioria oriunda dos Açores) ali residente.

Coreanos levam uma dúzia (de golos) na bagagem

Em Selhurst Park, a 5 de agosto, aconteceu a goleada do torneio. A Suécia, orientada por Rudolf Kock, esmagou a Coreia do Sul por 12-0! Uma dúzia de golos resultante de uma magnífica exibição do trio sueco Gre-no-li (alusivo aos jogadores Gren, Nordahl, e Leidholm), que entre si apontaram sete dos 12 tentos nórdicos. Em Ilford (arredores de Londres) a Jugoslávia derrotava a Turquia por 3-1, enquanto que ao mesmo tempo no estádio do Arsenal a campeã olímpica em título, era humilhada pela Dinamarca por 5-3 (!), tendo para isso contribuido uma das estrelas do conjunto nórdico, John Hansen, autor de quatro golos.
Em Craven Cottage assitistiu-se a um duelo de vizinhos. Grã-Bretanha e França mediram forças no relvado do Fulham num encontro pautado pelo equilíbrio, onde só um lance de génio poderia desamarrar o teimoso nulo em que se arrastou a contenda até quase à meira hora da etapa inicial. Altura em que apareceu o tal génio, de seu nome Bob Hardisty, o autor do único golo do encontro. 36 anos depois a Grã-Bretanha estava de novo nas meias-finais de um torneio olímpico.

Duelo viking no adeus ao ouro da equipa da casa

As meias-finais foram repartidas pelos dias 10 e 11 de agosto, pelo facto de que a partir desta altura todos os jogos se iriam realizar no majestoso Estádio de Wembley. E no primeiro duelo pelo acesso à final entraram no sagrado relvado os vizinhos escandinavos da Suécia e da Dinamarca. Logo aos três minutos Seebach colocou esta última seleção a vencer por 1-0. Vantagem que seria de pouca dura, já que 15 minutos volvidos Carlsson faria o primeiro dos seus dois golos neste jogo. Ainda antes do descanso a Suécia faria mais... três golos, que praticamente liquidariam as esperanças dos vikings dinamarqueses em repetir as finais das Olimpíadas de 1908 e 1912. John Hansen, aos 77 minutos, ainda fez mais um golo para a Dinamarca, mas já era tarde demais para iniciar uma possível reviravolta. John Hansen que a par do sueco Gren conquistaria o título de melhor marcador do torneio, com sete remates certeiros.
O segundo finalista foi encontrado no dia seguinte, e de forma surpreendente. Diante de 40 000 pessoas a Jugoslávia derrotou em pleno Wembley a turma da casa por 3-1 (!), avançando assim para o jogo mais desejado do torneio olímpico.

Dinamarca vinga derrota de 1908

Ainda ferida pela impensável derrota ante a seleção vinda dos Balcãs a Grã-Bretanha regressou a Wembley no dia 13 de agosto para - pelo menos - ficar com a medalha de bronze. Tarefa que no entanto não se afigurava nada fácil, já que o opositor dos pupilos de Matt Busby era uma das equipas que melhor futebol havia apresentado em solo britânico, além de que no seu "onze" figurava um verdadeiro homem-golo chamado John Hansen. O temível avançado voltou a liderar os nórdicos nesta derradeira etapa final na luta por uma medalha, apontando dois dos cinco golos com que a sua equipa bateu o conjunto da casa (resultado final foi de 5-3), levando assim para casa uma honrosa medalha de bronze, e mais do que isso vingando a derrota de 1908, ano em que também em Londres, mas no White City Stadium, a Grã-Bretanha venceu a Dinamarca por 2-0 e conquistava a sua primeira medalha de campeão olímpico. 

Suécia entra para o Olimpo do Futebol Mundial

No mesmo dia, horas mais tarde após a conquista do bronze dinamarquês, Wembley registou a sua maior enchente deste torneio olímpico. 60 000 pessoas lotaram o famoso estádio com a finalidade de presenciarem a grande final, entre a empolgante Suécia do trio Gre-no-li, e a surpreendente Jugoslávia, sem grandes estrelas individuais, mas com um coletivo forte e habilidoso. No entanto este não era um argumento suficientemente forte para contrariar o favoritismo sueco, e logo aos 24 minutos se percebeu que muito dificilmente os nórdicos não iriam vencer o título. Gunnar Gren, que efetuou uma exibição memorável, abriu o marcador, trazendo justiça face ao que se vinha passando em campo. Contudo, e um pouco contra a corrente, os jugoslavos empataram, quando faltavam apenas três minutos para o inrtervalo, por intermédio de Bobek.
Golo que não intimidou os suecos, muito pelo contrário, que numa segunda parte verdadeiramente avassaladora encostaram os homens dos Balcãs às cordas. Primeiro por Gunnar Nordahl, aos 48 miuntos, e depois novamente por intermédio de Gren, que de grande penalidade faria aos 67 minutos o 3-1 final que coroou a Suécia como a nova campeã olímpica. Nada mais justo para um conjunto que apresentou um futebol ofensivo de grande qualidade, onde se destaca o facto de ter apontado 22 golos em quatro jogos disputados! Notável.

A figura: Gre-no-li (Gren, Nordahl, e Leidholm) 

Não um, nem dois, mas sim três. Três jogadores formaram a figura do torneio olímpico de 1948. Um trio que guiou a Suécia ao ouro em 48, e que 10 anos mais tarde esteve muito perto de a colocar no patamar mais alto do planeta. Mas Pelé, Garrincha, e companhia não permitiram tal veleidade. Gunnar Gren, Gunnar Nordahl, e Nils Liedholm, os três nomes que formaram o trio mais famoso do futebol sueco, e um dos mais afamados em termos internacionais, três lendas que jogavam quase de olhos fechados entre si, tal era a familiaridade com que conheciam o estilo de jogo uns dos outros. Notabilizaram-se nas Olimpiadas de Londres, facto que lhes valeria o passaporte para o estrelato mundial, já que depois da conquista da medalha de ouro rumaram os três para os italianos do Milan, onde ganharam (mais) fama e fizeram fortuna. Durante mais de uma década os três jogadores venceram inúmeros títulos pelos milaneses, construindo um palmarés invejável, e mais invejável poderia ter sido caso em 1958 tivessem alcançado o ceptro mais desejado por um jogador de futebol, o de campeão do Mundo.
Nesse ano a Suécia acolheu o Campeonato do Mundo, cabendo ao trio Gre-no-li comandar de novo a Suécia numa campanha fantástica, que só seria travada na final de Estocolmo pelo super Brasil de Vavá, Didi, Zagallo, Garrincha, e de um tal menino de 17 anos chamado Pelé.

Resultados:

Pré-eliminatória

Holanda - República da Irlanda: 3-1
(Wilkes, ao 1m, aos 74m, Roosenburg, aos 11m)
(O´Kelly, aos 52m)

Luxemburgo - Afeganistão: 6-0

1ª eliminatória

Dinamarca - Egito: 3-1
(Hansen, aos 82m, aos 95m, Ploger, aos 119m)
(El Giundy, aos 83m)

Grã-Bretanha - Holanda: 4-3
(McBain, aos 22m, Hardisty, aos 58m, Kelleher, aos 77m, McIlvenny, aos 111m)
(Appel, aos 9m, aos 63m, Wilkes, aos 81m)

França - India: 2-1
(Courbin, aos 30m, Persillon, aos 89m)
(Raman, aos 70m

Jugoslávia - Luxemburgo: 6-1
(Stankovic, aos 57m, Mihajlovic, aos 61m, Cajkovski, aos 65m, aos 70m, Mitic, aos 74m, Bobek, aos 87m)
(Shcammel, aos 10m)

Turquia - China: 4-0
(Kilic, aos 18m, aos 61m, Saygun, aos 72m, Kucukandonyadis, aos 87m)

Suécia - Áustria: 3-0
(Nordahl, aos 2m, aos 10m, Rosen, aos 71m)

México - Coreia do Sul: 3-5
(Cardenas, aos 23m, Figueroa, aos 85m, Ruiz, aos 89m)
(Choi, aos 13, Bai, aos 30m, Yung, aos 73m, aos 66m, Chung, aos 87m)

Itália - Estados Unidos da América: 9-0
(Pernigo, aos 2m, aos 57m, aos 88m, aos 90m, Stellin, aos 25m, Turconi, aos 46m, Cavigioli, aos 72m, aos 87m)

Quartos-de-final

Grã-Bretanha - França: 1-0
(Hadisty, aos 29m)

Dinamarca - Itália: 5-3
(Hansen aos 30m, aos 53m, aos 74m, aos 82m, Ploger, aos 84m)
(Caprile, aos 50m, aos 67m, Pernigo, aos 81m)

Suécia - Coreia do Sul: 12-0
(Nordhal, aos 25m, aos 40m, aos 78m, aos 80m, Liedholm, aos 11, aos 62m, Carlsson, aos 61m, aos 64, aos 82m, Rosen, aos 72m aos 85m, Gren, aos 27m)

Turquia - Jugoslávia: 1-3
(Gulesin, aos 33m)
(Cajkovski, aos 21m, Bobek, aos 60m, Wolfl, aos 80m)

Meias-finais

Suécia - Dinamarca: 4-2
(Rosen, aos 31m, aos 37m, Carlsson, aos 18m, aos 42m)
(Seebach, aos 3m, Hansen, aos 77m)

Grã-Bretanha - Jugoslávia: 1-3
(Donovan, aos 20m)
(Bobek, aos 19m, Wolfl, aos 24m, Mitic, aos 48m)

Jogo de atribuição da medalha de bronze

Grã-Bretanha - Dinamarca: 3-5
(Aitkew, aos 5m, Hardisty, aos 33m, Amor, 63m)
(Praest, aos 12m, aos 49m, Hansen, aos 16m, aos 77m, Sorensen, aos 41m)

Final

Suécia - Jugoslávia: 3-1

Data: 13 de agosto de 1948

Estádio: Wembley, em Londres (Inglaterra)

Árbitro: William Ling (Inglaterra)

Suécia: Torsten Lindberg, Knut Nordahl, Erik Nilsson, Boerje Rosengren, Bertil Nordahl, Sune Andersson, Kjell Rosen, Gunnar Gren, Gunnar Nordahl, Henry Carlsson, Nils Liedholm. 

Jugoslávia: Lovric, Brozovic, B Stankovic, Zlatko Cajkovkski, Jovanovic, Atanackovic, Cimermanic, Mitic, Bobek, Zeljko Cajkovski, e Vukas.

Golos: 1-0 (Gren, aos 24m), 1-1 (Bobek, aos 42m), 2-1 (Nordahl, aos 48m), 3-1 (Gren, aos 67m)
 Legenda das fotografias:
1-Cartaz oficial dos Jogos Olímpicos de 1948
2-Escolha de campo antes do jogo entre China e Turquia
3-As equipas da Grã-Bretanha e Holanda perfiladas em Highbury Stadium
4-Lance do Coreia do Sul-México
5-Um dos 12 golos suecos ante os coreanos
6-Embate entre britânicos e jugoslávo
7-O majestoso Estádio de Wembley
8-Lance da final
9-O trio Gre-no-li ao serviço do Milan

10-A equipa da casa
11-Mais um lance da final de Wembley
12-Suecos levados em ombros após o histórico triunfo olímpico 

quarta-feira, janeiro 16, 2013

Momentos altos da vida... do Fulham Football Club

Clubes há que independentemente da sua dimensão, do seu palmarés, ou do escalão em que estejam a competir despertam nos adeptos do belo jogo uma sensação de... atração fatal! Isso acontece muito no futebol inglês, onde pequenos emblemas são seguidos e apoiados religiosamente pelos fervorosos súbitos de Sua Majestade. Uma filosofia que para mim assume contornos de familiaridade, digamos assim, ou não fosse eu um confesso e devoto adepto de um pequeno-ENORME clube, o meu muito amado Sport Comércio e Salgueiros. E já que falamos em paixões arrebatadoras abrimos hoje as portas para recordar os melhores momentos da longa vida daquele que é o meu emblema internacional favorito, o do Fulham Football Club.
Nasceu em Londres, em 1879, carregando consigo o estatuto de mais antigo clube profissional da capital inglesa. Mesmo não sendo um papa títulos, como são os casos dos vizinhos Arsenal, Tottenham, ou mais recentemente o Chelsea, o Fulham há muito que cimentou a sua condição de habitual participante no máximo escalão do futebol inglês, a Premier League. É um clube estável, onde de facto só têm faltado os títulos, os quais a seu tempo irão acabar por surgir.
Como já vimos o Fulham nasceu em 1879, tendo sido fundado por membros da igreja Church of England on Star Road, em West Kensington, no sudoeste londrino.
A primeira coroa de glória alcançada por este clube fundado por adeptos de criquete (!) surgiu oito anos mais tarde, altura em que venceram a West London Amateur Cup, sob a designação de Fulham Excelsior. Os conquistadores (que podem ser vistos na imagem acima) desse longínquo troféu regional trajavam de branco... e encarnado, as cores do primeiro manto sagrado dos londrinos. 
1896 é mais uma data histórica para o então rebatizado Fulham Football Club (nome atribuido em 1888). Começa a disputar os seus jogos como anfitrião no Craven Cottage, a sua mítica casa desde então, um bonito estádio de traço britânico - dos poucos na Premier League que ainda hoje matêm as tradicionais linhas arquitetónicas dos estádios ingleses - situado nas margens do Rio Tamisa. O primeiro encontro ocorrido no Craven Cottage foi diante dos já desaparecidos vizinhos do Minerva Football Club.
Dois anos mais tarde (1898) o Fulham FC adquire então o estatuto de primeiro clube profissional da cidade de Londres, ano esse em que foi aceite na 2ª Divisão da Southern League.
Na temporada de 1902/03 alcança a promoção para a 1ª Divisão da Southern League, sendo que na época seguinte o clube vestiu pela primeira vez o equipamento que ainda hoje é mantém, ou seja, a camisola branca, calção preto, e meia branca e preta. Na foto acima podemos ver a equipa de 1903/04.
Em 1905/06 e 1906/07 o Fulham sagra-se campeão do principal escalão da citada Southern League.
Dois títulos (regionais) que valeram ao clube o passaporte para os campeonatos nacionais tutelados pela Football Association (FA). Em 1907/08 o Fulham faz a sua estreia na Second Division (2ª Divisão Nacional) diante do Hull City, encontro caseiro que terminou com uma derrota por 0-1. A primeira vitória seria alcançada dias mais tarde, fora de portas, também por 1-0, ante o Derby County. Nessa memorável época de estreia os londrinos terminaram em 4º lugar, a escassos três pontos da First Division (1ª Divisão)!!! Essa seria de facto uma época em que o Fulham quase atingiu a glória. Na prova mais emblemática de Inglaterra, a FA Cup (Taça de Inglaterra), o clube alcançou as meias-finais, tendo sido travado (0-6) pelo Newcastle United.
A Second Division foi a casa do Fulham durante as duas décadas seguintes, mais em concreto até à temporada de 1927/28, altura em que foi relagado para a Third Division South. Em 31/32 o clube venceu este escalão com um impressionante registo de 111 golos apontados (!), regressando assim ao segundo patamar do futebol inglês, onde na época seguinte viria a falhar por uma unha negra a promoção ao escalão maior. A sonhada promoção aconteceu já depois da II Guerra Mundial, mais concretamente em 1946/47, altura em que Fulham foi campeão da Second Division (com a equipa que pode ser recordada na imagem acima).Um dos craques do célebre conjunto que alcançou a promoção ao topo do futebol inglês, John Fox Watson, iria transferir-se em 1948 para o Real Madrid, tornando-se assim no primeiro jogador britânico a jogar fora das ilhas.
O início da aventura do Fulham na First Division não se pode dizer que tenha sido brilhante, muito longe disso. Nas primeiras duas temporadas o clube andou muito perto da despromoção. Só na terceira temporada é que a performance do clube melhorou significativamente, posicionando-se longe da fatal linha de água. Porém, a permanência entre os grandes de Inglaterra seria curta, e em 1952 o Fulham estava de regresso ao segundo escalão, ali permancendo até 1959, altura em que alcançou novamente a promoção. Para isso muito terá contribuido John Haynes, uma figura que para muitos é considerado como o melhor jogador de sempre da história do clube. Haynes, nascido em Londres, deu os primeiros pontapés na bola precisamente em Craven Cottage, passando por todas as categorias de formação do clube, até que em 1951 fez a sua estreia na equipa principal. O seu amor ao Fulham é ainda hoje recordado pelos adeptos deste, tendo recusado propostas milionárias - como uma do Milan, de Itália. Defendeu as cores do seu amado emblema até 1970, jogando quase 600 partidas (594 para ser mais precisos) - até hoje ninguém superou este número recorde - com a mítica camisola branca.
Haynes, a quem chamavam de maestro, pela maneira como "dirigia" o jogo da sua equipa, jogou 56 vezes pela Inglaterra, tendo sido sido convocado para representar a seleção dos três leões nos Campeonatos do Mundo de 54, 58, e 62. Após a sua morte, em 2005, o Fulham batizou uma das bancadas de Craven Cottage com o seu nome, além de que no exterior do estádio foi erguida uma estátua sua.
Outro ícone do futebol inglês que iniciou a sua carreira de futebolista no Fulham foi Bobby Robson. Entre 1950 e 1956 o homem que décadas mais tarde iria receber o título de Sir efetuou mais de 150 partidas com a camisola dos Cottagers (a alcunha pela qual o clube passou a ser conhecido desde que se mudou para Craven Cottage). Seria também no Fulham que Robson iria iniciar em 1968 a sua brilhante carreira de treinador. Na imagem de cima podemos ver uma equipa de finais da década de 50, onde pontificava a lenda John Haynes (o segundo a contar da direira para a esquerda da fila da frente).
As décadas de 60, 70, 80 e 90 não foram de grande euforia para os adeptos do clube. Em 68, pouco depois de Bobby Robson ter deixado o banco, o Fulham cai mais uma vez para as divisões secundárias do futebol inglês, ai permancendo - alternando entre as Second e Third Divisions - até 1999!!! Porém, pelo meio desta travessia no deserto, ocorreu um momento ainda hoje inolvidável: a presença na final da FA Cup de 1975. Marcar presença em Wembley na final da taça é o sonho de qualquer clube ou jogador, e em 75, numa altura em que vagueavam pela 2ª Divisão os Cottagers chegaram ao templo sagrado do futebol inglês. Até ai chegar o Fulham, nessa célebre temporada de 74/75 comandado por Alec Stock, deixou pelo caminho o Hull City, o Nottingham Forest, o Everton, o Carlisle United, e o Birmingham City. O adversário na final seriam os vizinhos do West Ham United, equipa bem mais experiente no que toca a jogos decisivos, já que havia vencido a Taça de Ingletarra de 1964, e a Taça dos Vencedores das Taças no ano seguinte.
Do lado do Fulham estava agora um dos grandes obreiros destes dois títulos do West Ham, um dos melhores jogadores da história do futebol, para muitos o melhor defesa-central de todos os tempos, de seu nome Bobby Moore. Já numa fase desencendente da sua notável carreira o homem que em 1966 ergueu a Taça do Mundo da FIFA que coroou a Inglaterra como rainha do planeta era a grande figura dos Cottagers. Defrontando o seu clube do coração - coicidência das coincidências - Moore bem lutou para que a FA Cup de 75 viajasse para o Craven Cottage, porém, o seu colega de baliza, Peter Mellor, teve uma segunda parte dessa célebre final londrina verdadeiramente desastrosa, ao oferecer dois golos ao West Ham United, que assim levava para casa - pela segunda vez no seu historial - a taça.
E por falar em jogadores lendários que vestiram a camisola do Fulham na década de 70 outra lenda defendeu este popular emblema de Londres. George Best, um dos melhores futebolistas de sempre, notabilizado ao serviço do Manchester United, jogou entre 76 e 78 pelos Cottagers, numa altura em que estes estavam na Second Division.Na imagem de cima a equipa (mais os suplentes) que marcaram presença na final de Wembley.
E eis que ao virar para o novo milénio chega a Craven Cottage o homem que recolocou o Fulham no topo do futebol inglês. Mohamed Al Fayed, multimilionário egípcio, dono - entre outros - da famosa cadeia de lojas Harrods, comprou no verão de 1997 o clube. Nele injetou uma avultada soma monetária, o suficiente para que em 1999/00 os Cottegers regressassem ao principal escalão de Inglaterra, na época já denominada de Premier League. Desde então que nunca mais o Fulham baixou de divisão! Desde que tomou conta do clube Al fayed contratou jogadores e treinadores de alto gabarito internacional, casos do lendário guarda-redes holandês Edwin Van der Sar, dos internacionais franceses Louis Saha e Steed Malbranque, do português Luís Boa Morte - que, segundo os adeptos, é um dos jogadores mais notáveis e idolatrados de todos os tempos do clube -, ou mais recentemente de Damien Duff, Danny Murphy, ou do búlgaro Berbatov. No que toca a treinadores nomes como Ray Wilkins, Kevin Keegan, Jean Tigana, ou Roy Hodgson passaram pelo banco cottager. E seria sob a orientação do francês Tigana que o Fulham iria conquistar o seu único título - até à data - internacional, a Taça Intertoto, em 2002. Na final os londrinos bateram os italianos do Bolonha por 5-3, vencendo o troféu - de pequena dimensão, é certo - continental e qualificando-se para a Taça UEFA da época de 2002/03. 
Na imagem de cima pode ver-se a equipa que arrecadou a Intertoto Cup, com Mohamed Al Fayed a segurar o troféu.
Seria na segunda competição da UEFA, que em 2010 o Fulham viveria quiçá o ponto mais alto da sua centenária história. Numa altura em que havia sido rebatizada de Europe League a prova uefeira foi vencida pelos espanhóis do Atlético de Madrid, que na final derrotaram por 2-1... o Fulham! Um momento inesquecível que teve lugar em Hamburgo (Alemanha), sendo que para lá chegar os cottagers deixaram pelo caminho clubes o Shakthar Donetsk, o Wolfsburg, ou o Hamburg. Roy Hodgson era o treinador de uma equipa de operários, onde pontificavam entre outros o guarda-redes australiano Mark Schwarzer, Damien Duff, Danny Murphy (que nessa final envergou a braçadeira de capitão), Bobby Zamora, Zoltan Gera, ou Simon Davies, este último o autor do golo dos londrinos, que só iriam cair no prolongamento (1-1 no final dos 90 minutos) na sequência de um lance de génio do uruguaio Diego Forlán.

sexta-feira, janeiro 11, 2013

História dos Europeus de Futebol (11)... Bélgica/Holanda 2000

Na entrada para o novo milénio a UEFA voltou a produzir inovações na sua competição rainha ao nível de seleções. No ano em que completava 40 anos de vida a fase final do Campeonato da Europa era pela primeira vez organizada por dois países em simultâneo. Os vizinhos Bélgica e Holanda receberam no verão de 2000 a grande festa do futebol continental que iria consagrar definitivamente - se é que ainda existiam dúvidas - a geração de Zidane e companhia como a mais cintilante do planeta da bola por aqueles dias...
Em termos de prémio final, digamos assim, este pode ter sido o Euro da França liderada pela lenda franco-argelina, mas foi igualmente o campeonato que catapultou definitivamente a geração de ouro do futebol português, a geração de Figo, Fernando Couto, Vítor Baía, Rui Costa, João Vieira Pinto, Jorge Costa, Paulo Sousa, entre outros, para o topo do futebol internacional. E por falar em gerações douradas não nos podemos esquercer de uma das seleções anfitriãs, a Holanda, que neste torneio confirmou a genialidade de uma equipa notável composta por astros - formados na mítica escola do Ajax - como os irmãos De Boer (Frank e Ronald), Edgar Davids, Marc Overmars, Edwin Van der Sar, Clarence Seedorf, ou Patrick Kluivert. Estas foram algumas das memórias do primeiro Europeu do século XXI, que hoje iremos recordar em mais uma visita ao passado.

Co-anfitriões belgas desiludem no regresso à ribalta europeia

Com uma fase de qualificação bastante tranquila, isto é, sem grandes surpresas, onde as seleções de maior renome alcançaram o bilhete para a Bélgica e a Holanda sem grandes dificuldades - fosse por via direta, ou recorrendo ao play-off - a etapa final do Euro 2000 arrancou na noite de 10 de junho, num local mítico para o futebol mundial, o Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, outrora popularmente conhecido como... Heysel Park, local onde em 1985 ocorreu uma das maiores tragédias do futebol, antes da final da Taça dos Campeões Europeus desse ano entre a Juventus e o Liverpool, que trouxe a morte até quase quatro dezenas de adeptos. 15 anos volvidos, e totalmente remodelado, o Heysel voltava a ser palco de uma grande competição internacional, cabendo à Bélgica e à Suécia dar o pontapé de saída do Campeonato da Europa. Belgas que reapariçam num Euro pela primeira vez desde 1984, altura que marcaram presença em França, quatro anos depois de terem estado na final de Roma ante a Alemanha. A década de 80 foi sem dúvida a década de ouro do futebol belga, e às boas prestações nos Euros 80 e 84 seguiu-se a cereja no topo do bolo: um fantástico 4º lugar no Mundial do México em 1986! Depois desses inolvidáveis anos protagonizados por um talentoso conjunto de jogadores que ficaram eternizados como os diabos vermelhos, os belgas poucos motivos de orgulho voltariam a ter na sua seleção, pese embora ainda tenha marcado presença nas três fases finais dos Campeonatos do Mundo da década de 90 (90, 94, e 98), no entanto sem o brilho exibido na década anterior. Pois bem, na condição de co-organizadores do Euro 2000 os belgas estavam de regresso à ribalta europeia, com a ambição de pelo menos chegar à segunda fase da competição, caso contrário a desilusão voltaria a fazer parte do vocabulário belga, como se viria a verificar.
Integrada no Grupo B a Bélgica orientada pelo experiente treinador Robert Waseige desde cedo mostrou que alcançar os quartos-de-final do seu Euro iria ser uma tarefa para lá de complicada. A curta vitória inaugural ante a Suécia, por 2-1, assim o confirmou. Apresentando um combinado algo veterano, onde sobressaiam nomes como Luc Nilis, De Wilde, ou Lorenzo Staelens, a Bélgica teve de suar para vencer os suecos, beneficiando ainda de uma pequena ajuda do árbitro alemão Markus Merk, que validou um golo - irregular - ao jovem - dos poucos naquela seleção - Emile Mpenza, curiosamente o tento da vitória belga.

No outro jogo do grupo, disputado na cidade holandesa de Arnhem, pela Itália e pela Turquia, voltou a assistir-se a mais uma arbitragem polémica. Desta feita o visado foi o escocês Hugh Dallas que a 20 minutos do final oferece uma grande penalidade à Squadra Azzurra, numa altura em que o resultado era de uma igualdade a uma bola. Filippo Inzaghi não desperdiçou o brinde e selou o resultado final em 2-1, perante os - inconsequentes - protestos turcos. Na 2ª jornada, em Eindhoven (Holanda), ocorreu um empate sem golos entre Suécia e Turquia. E em Bruxelas a Itália comandada pelo antigo campeão do Mundo Dino Zoff garantia o apuramento para os quartos-de-final, após uma vitória tranquila sobre uma - mais uma vez - paupérrima Bélgica por 2-0, com golos de Totti e Fiore. Desta vez a sorte nada quis com os co-anfitriões. Bélgica que mesmo não praticando um futebol de encanto - nem pouco mais ao menos - partia para a derradeira ronda com possibilidade de apuramento, para isso bastando um empate com uma Turquia que aparecia na fase final de um Europeu pela segunda vez consecutiva. No entanto, se as duas exibições anteriores dos pupilos de Waseige não tinham convencido, o jogo ante os turcos foi terrível! Ficaria na história como um dos piores momentos do futebol belga, e muito concretamente do experiente guarda-redes Filip de Wilde. Com dois autênticos frangos oferecidos ao mortífero avançado Hakan Sukur - aos minutos 45 e 70 - de Wilde liquidou de vez a sua seleção, e como se não bastasse os erros fatais ainda foi expulso nos minutos finais de um encontro que ditou o afastamento precoce de um dos anfitriões da prova.
 A Bélgica fazia história, já que pela primeira vez uma seleção anfitriã ficava de fora da segunda fase do Europeu! Curiosidade neste jogo de Bruxelas o facto de o árbitro dinamarquês Kim Nielsen ter sido... substituído durante a contenda, por motivos de lesão! Também acontecem nos senhores do apito. Gunter Benko entrou em campo para susbituir o seu colega.

Mesmo já qualificada a Itália não brincou em serviço no encontro ante os suecos, disputado em Eindhoven. Com golos de Del Piero e Di Biagio a azzurra derrotou os escandinavos por 2-1, e terminava assim a fase inicial só com vitórias, algo que só tinha acontecido com a França, em 1984.
Quanto aos suecos, que faziam a sua segunda aparição num Europeu (a primeira surgiu em 1992, altura em que organizaram o certame), deceção foi a palavra que mais se adequou ao desempenho do combinado às ordens de Tommy Soderberg.
Um ponto em três jogos disputados foi muito pouco para uma seleção que num passado não muito distante (1994) surpreendia o globo ao conquistar um impensável 3º lugar no Mundial dos Estados Unidos da América.

Geração de Ouro de Portugal manda para casa os tubarões Alemanha e Inglaterra

Surpresa foi a palavra de ordem no Grupo A.Contra todas as previsões Portugal venceu aquele que era chamado de grupo de morte, que para além dos lusitanos era composto pelas potências mundiais Alemanha e Inglaterra, e pela sempre temida Roménia. Os portugueses foram de facto a surpresa deste grupo, e uma das surpresas de todo o Euro 2000, ou melhor, surpresa para uns, mas confirmação para outros. Confirmação internacional da geração de ouro do futebol luso, um grupo de notáveis jogadores que havia conquistado os Mundiais de Sub-20 de 1989 e 1991 e que havia tido a sua primeira prova de fogo no futebol sénior precisamente quatro anos antes no Europeu disputado em solo inglês, e que tão boas impressões causou na altura. Agora, mais experientes e com a sua veia artística reconhecida a nível planetário os portugueses apresentavam-se na Holanda e na Bélgica dispostos a ir mais além do que os quartos-de-final do Euro 96. Argumentos para isso era coisa que abundava no grupo orientado por Humberto Coelho, como eram os exemplos dos artistas João Vieira Pinto, Paulo Bento, Dimas, Vítor Baía, Rui Costa, Paulo Sousa, Sá Pinto, Sérgio Conceição, Capucho, Jorge Costa, Fernando Couto, Pauleta, ou a estrela-mor da companhia Luís Figo, por aqueles dias considerado um dos melhores jogadores do Mundo.

No Philips Stadium de Eindhoven, no dia 12 junho, o talento dos portugueses era posto à prova por uma poderosa seleção inglesa, bem mais forte do que aquela que quatro anos havia chegado às meias-finais do Euro. À veia goleadora do capitão Alan Shearer e à solidez defensiva dos veteranos Tony Adams e Martin Keown, juntava-se a frescura e a arte de Paul Scholes, dos irmãos Neville (Phil e Gary), do rato atómico Michael Owen, e da estrela hollywoodesca David Beckham. Favoritos à vitória? Os ingleses pois claro. E ainda mais favoritos ficaram quando aos 20 minutos de jogo já venciam por... 2-0! Um começo fulgurante ao qual respondeu um genial Portugal, que partiu então para uma noite memorável, para uma exibição fantástica, e para um jogo épico que figura na galeria dos encontros mais sensacionais da histórias dos Europeus. Comandados por Figo os portugueses não baixaram os braços, e aos 21 minutos o jogador português do Barcelona - iria transferir-se nesse verão para o rival Real Madrid - assinou uma verdadeira obra de arte no relvado do estádio do PSV. A 30 metros da baliza desfere um forte remate que só parou no fundo das redes do pasmado David Seaman. Um lance de génio do... genial número 7 luso. 
A avalanche lusa continuou e a oito minutos do intervalo foi outro genial atleta que de cabeça faria o empate a duas bolas. João Vieira Pinto, a passe do maestro Rui Costa, batia Seaman pela segunda vez no encontro. Mas Humberto Coelho ainda não tinha tirado todos os seus... coelhos da cartola. Já na segunda parte apareceu o jovem goleador do Benfica, Nuno Gomes, a grande surpresa da convocatória, que dá a melhor sequência a mais um passe magistral de Rui Costa ao fazer o 3-2 final com Portugal venceu a poderosa Inglaterra. O apito final do sueco Anders Frisk soou, e os portugueses haviam conquistado uma vitória épica, comparada à histórica reviravolta protagonizada pelos Magriços de Eusébio no Mundial de 66 ante a Coreia do Norte. 
No outro jogo do grupo assistia-se ao primeiro episódio da triste saga dos detentores do título europeu. A Alemanha, recheada de nomes sonantes, como Matthaus, Hassler, Bierhoff, Kahn, Ballack, ou Ziege, não conseguia melhor do que um empate sofrido a uma bola ante a Roménia do veterano Gica Hagi. Os alemães começavam a mostrar o que no final deste Euro seria evidente, que a Mannschaft precisa urgentemente de uma remodelação. 


E na ronda seguinte a pequena cidade belga de Charleroi foi palco de um dos maiores clássicos do futebol mundial, um Alemanha - Inglaterra. Dois pesos pesados que como seria de esperar protagonizaram um jogo disputado, mas nem sempre bem jogado! Valeu um lance de génio do goleador Shearer, que aos 53 minutos fez o único golo do encontro e como que apagou a apatia que se vivia no relvado do Stade du Pays. Com esta vitória os britânicos voltavam a entrar na corrida pelo apuramento, ao passo que os alemães passavam a depender de terceiros, isto porque em Arnhem (Holanda) Portugal vencia a Roménia por 1-0 e garantia matematicamente a qualificação para a fase seguinte. O médio Costinha apontou aos 90 minutos o único golo de uma partida marcada pelo equilíbrio, sem grandes oportunidades de golo e com exibições - de parte a parte - muito cautelosas. Voltando ao jogo de Charleroi a alegria inglesa era bem visível, não só porque o apuramente era ainda matematicamente possível, como já vimos, mas porque esta era a primeira vitória da Inglaterra sobre a velha inimiga Alemanha desde a... final do Mundial de 1966! 


Alemães que na derradeira e crucial jornada do Grupo A sofreram uma nova humilhação, quiçá a maior desde Euro 2000. Na banheira de Roterdão (a alcunha pelo qual é mundialmente conhecido o Estádio do Feyenoord) a Alemanha era esmagada por 0-3 pelas... reservas de Portugal! Já qualificado para os quartos-de-final o selecionador Humberto Coelho deu descanso aos habituais titulares, e lançou em campo jogadores menos utilizados nas duas partidas anteriores, como o guarda-redes Pedro Espinha, Beto, Rui Jorge, Capucho, Pauleta, ou Sérgio Conceição. E a noite seria histórica para este último jogador, que por três ocasiões bateu o lendário guardião Oliver Kahn! Hattrick para Conceição no adeus ao Euro da campeã da Europa em título! Sérgio Conceição tornava-se assim no quarto jogador da história a alcançar três golos num jogo do Europeu, depois de Allofs (80), Platini (84), e Van Basten (88). 
Mas a humilhação não se resumiu aos germânicos. Em Charleroi a Inglaterra a precisar somente de um empate ante a Roménia para se qualificar, foi derrotada por 2-3! O tento da vitória dos romenos surgiu a um minuto do fim por intermédio de Ganea. Roménia e Portugal, os teoricamente mais frágeis conjuntos do grupo seguiam em frente, ao passo que os gigantes e favoritos alemães e ingleses ficavam pelo caminho. Era caso para dizer que David tinha vencido Golias.

Favoritos não ganharam para o susto!

O Grupo C era aquele que teoricamente menos interesse suscitava. Espanha e Jugoslávia eram apontadas como as duas favoritas à passagem aos quartos-de-final, ao passo que as esterantes Eslovénia e Noruega pouco ou mais podiam fazer do que almejar uma vitória no confronto entre si. Porém, o começo não foi bem assim.
No dia 13 de junho Charleroi assistiu a um dos jogos mais emocionantes da história dos campeonatos da Europa, protagonizado por duas seleções que outrora fizeram parte da... mesma nação. Jugoslávia e Eslovénia, empataram a três golos, despois destes últimos terem estado a vencer por 3-0! Zahovic, a estrela eslovena, marcou por duas vezes, mas a menos de meia hora do final um dos goleadores do Euro 2000, Savo Milosevic, reduziu para 1-3, um tento que daria alento ao combinado do velho mestre da tática Vujadin Boskov, que no que restava jogar até final apontou mais dois golos - um deles de novo da autoria de Milosevic -, isto quando desde o minuto 59 jogava com menos uma unidade em campo, depois do árbitro português Vítor Pereira ter dado ordem de expulsão a Mihajlovic, que havia visto dois cartões amarelos no espaço de quatro minutos!
Nesse mesmo dia 13 de junho o escândalo acontecia em Roterdão. A Noruega de Ole Gunnar Solskjaer derrotava a favorita Espanha por 1-0, com um tento de Iversen. Noruegueses que viviam o período dourado do seu praticamente desconhecido - além fronteiras - futebol, já que depois dos Mundiais de 94 e 98 marcavam agora presença no maior certame do Velho Continente, com uma equipa talentosa formada por craques como Eggen, Iversen, Tore Andre Flo, John Carew, ou o já citado Solskjaer, que na época brilhava no colosso inglês Manchester United. 

Mas no encontro seguinte os noruegueses desceram à terra. Em Liège, ante a Jugoslávia, Milosevic acabou com a euforia nórdica e colocou os jugoslavos - que neste Euro 2000 competiriam pela última vez sob os desígnios de Jugoslávia - com um pé na fase seguinte. Neste jogo há ainda a registar a expulsão mais rápida de sempre de uma fase final de um Euro. O jugoslavo Mateja Kezman entrou em campo aos 87 minutos, sendo que 44 segundos depois comete uma falta grave sobre Mykland, recebendo de imediato ordem de expulsão! Também a Espanha corrigiu o erro da jornada inaugural deste Grupo C, e no moderno Arena de Amesterdão derrotava uma das sensações dessa 1ª jornada, a Eslovénia, por 2-1, de nada valendo mais uma exibição de gala do esloveno Zlatko Zahovic. 
Na ronda decisiva viveram-se momentos dramáticos. Em Arnhem noruegueses e eslovenos empataram a zero, resultado que dava o apuramento aos nórdicos, uma vez que no outro encontro, disputado em Bruges, a Espanha ia empatando a três golos com a já qualificada Jugoslávia. Como que de um golpe de magia se tratasse aos 90 minutos Alfonso faz o 4-3 que colocou os espanhóis na fase seguinte, para desespero dos noruegueses que já com a sua missão cumprida aguardavam com impaciência no relvado do Gelredome de Arnhem o desfecho da partida de Bruges. 

Encantador futebol ofensivo da Holanda fez furor


No Grupo D ficaram os campeões do Mundo em título, a França, liderada pelo melhor jogador do Mundo da altura, Zinédine Zidane. Os franceses apresentavam-se em solo belga-holandês como os principais candidatos à vitória final, até porque mantinham a quase totalidade do grupo que dois antes havia vencido - em casa - o Campeonato do Mundo. Zidane, Patrick Vieira, Barthez, Thuran, Blanc, Deschamps, Henry, entre muitos outros, viviam o ponto alto das suas afamadas carreiras, e para muitos o que fosse não erguer o troféu de campeão da Europa seria uma autêntica... catástrofe. Patricando um futebol de alta qualidade, com um toque artístico, os franceses cedo mostraram que dificilmente não chegariam à final, e logo na 1ª jornada golearam a Dinamarca por 3-0, com uma exibição de gala de Thierry Henry.
No mesmo dia (11 de junho) entrou em campo, em Amesterdão, a seleção da casa, ou uma das seleções da casa, neste caso a Holanda, equipa não menos artística orientada pelo carismático ex-jogador Frank Rijkaard, um dos imortais que em 1988 levou a seleção laranja ao topo da Europa. Patricando um futebol de cariz ofensivo de grande beleza so holandeses venceram os vice-campeões da Europa, a República Checa, por um solitário mas inteiramente merecido 1-0. 


Na jornada seguinte confirmou-se a supremacia de França e Holanda, e mais do que isso a qualificação de ambas as seleções para os quartos-de-final. Os gauleses venceram os checos por 2-1 em Bruges. ao passo que os co-anfitrições humilhavam em Roterdão uma veterana Dinamarca - já sem os irmãos Laudrup - por 3-0 na sequência de mais uma bela aula de futebol ofensivo. 
A última jornada não mais serviu do que cumprir calendário e definir quem ficava com o 1º lugar. Posição esta disputada por franceses e holandeses, na Arena de Amesterdão, sendo que os primeiros parecem não ter dado grande importância ao que ali se discutia, pois entraram em campo com alguns jogadores reservistas, casos de Lama, Leboeuf, Candela, Micoud, ou Dugarry. Agradeceram os tulipas que ao vencer por 3-2 garantiram o tal 1º posto, permancendo assim no seu território nos quartos-de-final, ao passo que a França mudava-se para a Bélgica para continuar uma tragetória que seria gloriosa. 
Muito atlética mas nada técnica a Dinamarca sofria nova derrota, desta feita ante os checos, por 0-2, e ia para casa com oito golos sofridos e zero marcados! No reino da Dinamarca apertavam então as saudades do inolvidável verão de 92!!! 

Kluivert show na banheira de Roterdão


Um dos jogos mais aguardados dos quartos-de-final estava agendado para Roterdão, entre a seleção da casa, a Holanda, e a Jugoslávia. Frente a frente estavam igualmente dois dos mais eficazes homens golos do torneio, Patrick Kluivert, e Milosevic. O espetáculo prometia, e assim foi. 
50 000 espetadores presenciaram mais uma exibição de gala da equipa laranja, culminada com uma expressiva vitória por 6-1. Por três ocasiões Kluivert fez o gosto ao pé, rubricando a sua melhor performance em todo este Euro 2000, e fazia da sua seleção a mais concretizadora da prova, com 13 remates certeiros, e mais do que isso continuava a fazer sonhar uma nação inteira em voltar a ver a sua equipa nacional erguer a Taça Henri Delaunay. Armas para o conquistar eram mais do que muitas à dispoisção de Rijkaard, não só o citado goleador Kluivert, como também Overmars, Davids, Bergkamp, Cocu, Stam, ou os gémeos De Boer. 
Massacrada pelos holandeses a Jugoslávia ainda deu um ar de sua graça por intremédio de Milosevic, que reduzia para 1-6, e assim se tornava, a par de Kluivert, no melhor marcador do Euro 2000, com cinco golos.

Em Amesterdão a Europa - e o Mundo, porque não dizê-lo - encantava-se com mais uma exibição de luxo obtida por Portugal. Com um futebol tecnicamente belo os jogadores de Humberto Coelho venciam a Turquia por 2-0, num encontro marcado pela veia goleadorra de Nuno Gomes - autor dos dois golos - e pela magia de Luís Figo, que deixou os turcos com a cabeça às voltas. As duas seleções voltaram a encontrar-se pela segunda vez consecutiva na fase final de um Euro, sendo que desta vez o triunfo dos portugueses foi bem mais fácil, muito contribuindo para isso a expulsão do defesa Alpay aos 28 minutos. Vítor Baía ainda defendeu uma grande penalidade, e na hora da festa Rui Costa desejou encontrar a França nas meias-finais, «vamos vingar a grande seleção (portuguesa) de 84, Eu lembro-me desse jogo (ante a França, também nas meias-finais), tinha 12 anos, e agora desejo vingar essa seleção que merecia ter passado à final». 
Um desejo envenenado... 


Sem grandes dificuldades a Itália também carimbou o seu passaporte para as meias-finais, depois de em Bruxelas ter batido por 2-0 a Roménia. Qualificação alcançada ainda na primeira parte, com Totti (aos 33 minutos) e Filippo Inzaghi (aos 43) a desmantelarem uns romenos algo indisciplinados, a começar pelo seu lendário capitão Hagi, que antes do início deste Campeonato da Europa havia anunciado ao Mundo que iria pendurar de vez as chuteiras após o final da competição. E a despedida de Gica Hagi dos relvados não foi de facto a melhor. Aos 59 minutos o número 10 romeno é expulso por Vítor Pereira, na sequência de protestos vários e simulações, e na hora do adeus Hagi não poupou elogios ao árbitro português: «este árbitro é uma vergonha!». 
Por fim, em Bruge, sob a arbitragem do conceituado italiano Collina, a França sentia algumas dificuldades para bater a aguerrida Espanha de Camacho, por 2-1. Valeu a arte de Zizou (alcunha de Zidane), e a desinspiração do capitão espanhol Raul, que falhou uma grande penalidade em cima do minuto 90 que poderia ter colocado o marcador em 2-2 e levar assim o encontro para prolongamento. Não converteu e os blues seguiam para Bruxelas para enfrentar os motivados portugueses. 

Mão fatal de Abel Xavier


Portugal saia pela primeira vez da Holanda, onde havia realizado todos os jogos até então, viajando para Bruxelas, onde se iria disputar a primeira meia-final do Euro 2000. Sob arbitragem de Gunter Benko os portugueses entraram a todo o gás na partida, e quando o relógio ainda não tinha marcado 20 minutos já Nuno Gomes voltava a faturar na fase final da prova, fazendo o seu quarto golo na competição e mais do que isso colocando mais perto a sua seleção do sonho. Sonho que foi mesmo a definição desta partida, de futebol de grande beleza protagonizado por ambas as equipas, futebol espetáculo que só na segunda parte voltaria a vibrar com golos, e para a França, por intermédio de Henry, após um passe de Anelka... em posição ilegal, que muito irritou os portugueses, cujos protestos de nada valeram. 
Prolongamento à vista, e aqui veio a decisão polémica do encontro. Aos 117 minutos Henry cruza a bola para o primeiro poste, onde aparece Abel Xavier a cortar o esférico com a mão! Mão na bola, ou bola na mão? O auxiliar de Benko optou pela primeira opção, e o juíz principal assinalou de imediato grande penalidade contra Portugal. Os jogadores lusitanos cercaram o árbitro, o seu assistente, manifestando em coro o seu descontentamento, empurrões, insultos, com Gunter Benko a exibir alguns cartões aos portugueses, alguns deles de cor encaranada. Sereno e implacável Zidane converteu a grande penalidade e qualificou a França para a final, na sequência de um golo de ouro, visto que o jogo terminou de imediato. Luís Figo foi um dos mais inconformados, dizendo que no futebol não há verdade, uma vez que esta modalidade era já apenas um negócio! 


Na outra meia final a sorte bafejou a Squadra Azzura. Os holandeses exibiram novamente o caudal ofensivo dos jogos anteriores, mas na hora H - na concretização - estavam completamente desinspirados. No tempo regulamentar falharam duas grandes penaldiades, duas (!), além de terem estado a jogar durante mais de meia hora com mais um elemento em campo, após expulsão do italiano Zambrotta. O prolongamento chegou, mas os golos não apareciam, pelo que teve de se recorrer às grandes penalidades pela primeira vez nesta fase final. Lotaria onde os holandeses não acertaram, pois dos quatro penaltis que dispuseram falharam três (!), enquanto que os italianos converteram outros tantos e seguiram assim para a final de Roterdão. As duas equipas que apresentaram o futebol mais vistoso, Portugal e Holanda, estavam assim de fora do jogo mais apetecido. 

Novo golo de ouro coroou a França como rainha da Europa


Se a sorte esteve com os italianos no Arena de Amesterdão durante a meia final, no encontro decisivo do Euro 2000 ela abandonou a azzurra! Num jogo morno, disputado em Roterdão, as duas equipas ficaram sempre na espetativa, não criando grandes oportunidades de golo, e nem mesmo os génios - dos dois lados - queriam aparecer em campo. Delvecchio fez o primeiro golo do encontro aos 55 minutos, e tal como seria de esperar depois disso a Itália de Zoff jogou... à defesa, como tão bem o faz. O catenaccio italiano no seu estado mais puro!  A meio da segunda parte Del Piero teve a oportunidade - flagrante - de matar o jogo, e como quem não mata morre já em cima dos 90 minutos Wiltord empata a final para desespero dos italianos que já festejavam o seu segundo ceptro europeu. E tal como em 1996 a vitória chegou através de um golo de ouro, apontado aos 103 minutos por David Trezeguet, que havia entrado em campo no decorrer da etapa complementar, e que deu o melhor seguimento a uma brilhante jogada individual de Robert Pires. 
A França juntava assim ao título mundial o de campeão da Europa (o segundo da sua história), e coroava desta forma a genial geração de Zizou e companhia. 

Jogos

Grupo A

1ª jornada

12 de junho, em Eindhoven
Inglaterra - Portugal: 2-3
(Scholes, aos 2m, McManaman, aos 18m)
(Figo, aos 21, João Vieira Pinto, aos 37m, Nuno Gomes, aos 58)


12 de junho, em Liège
Alemanha - Roménia: 1-1
(Scholl, aos 28m)
(Moldovan, aos 5m)

2ª jornada

17 de junho, em Arnhem
Roménia - Portugal: 0-1
(Costinha, aos 90m)


17 de junho, em Charleroi
Inglaterra - Alemanha: 1-0
(Shearer, aos 53m)

3ª jornada

20 de junho, em Roterdão
Portugal - Alemanha: 3-0
(Sérgio Concieção, aos 34m, aos 53m, aos 71m)

20 de junho, em Charleroi
Inglaterra - Roménia: 2-3
(Shearer, aos 41m, Owen, aos 45m)
(Chivu, aos 22, Munteanu, aos 48, Ganea, aos 89m)


Classificação


1-Portugal: 9 pontos
2-Roménia: 4 pontos
3-Inglaterra: 3 pontos
4-Alemanha: 1 ponto

Grupo B

1ª jornada


10 de junho, em Bruxelas
Bélgica - Suécia: 2-1
(Goor, aos 43m, Mpenza, aos 46m)
(Mjalby, aos 53m)

11 de junho, em Arnhem
Turquia - Itália: 1-2
(Okan, aos 61m)
(Conte, aos 52m, Inzaghi, aos 70m)

2ª jornada

14 de junho, em Bruxelas
Bélgica - Itália: 0-2
(Totti, aos 6m, Fiore, aos 66m)
15 de junho, em Eindhoven
Turquia - Suécia: 0-0

3ª jornada

19 de junho, em Eindhoven
Itália - Suécia: 2-1
(Di Biagio, aos 39m, del Piero, aos 88m)
(Larsson, aos 77m)


19 de junho, em Bruxelas
Bélgica - Turquia: 0-2
(Sukur, aos 45m, aos 70m)

Classificação

1-Itália: 9 pontos
2-Turquia: 4 pontos
3-Bélgica: 3 pontos
4-Suécia: 1 ponto

Grupo C

1ª jornada

13 de junho, em Charleroi
Jugoslávia - Eslovénia: 3-3
(Milosevic, aos 66m, aos 73m, Drulovic, aos 70m)
(Zahovic, aos 27m, aos 57m, Pavlin, aos 52m)


13 de junho, em Roterdão
Espanha - Noruega: 0-1
(Iversen, aos 66m)

2ª jornada

18 de junho, em Liège
Noruega - Jugoslávia: 0-1
(Milosevic, aos 8m)

18 de junho, em Amesterdão
Eslovénia - Espanha: 1-2
(Zahovic, aos 58m)
(Raul, aos 4m, Etxeberria, aos 60m)

3ª jornada

21 de junho, em Arnhem
Eslovénia - Noruega: 0-0

21 de junho, em Bruges
Jugoslávia - Espanha: 3-4
(Milosevic, aos 31m, Govedarica, aos 51m, Komijanovic, aos 75m)
(Alfonso, aos 39m, aos 90m, Munitis, aos 52m, Mendieta, aos 89m)

Classificação

1-Espanha: 6 pontos
2-Jugoslávia: 4 pontos
3-Noruega: 4 pontos
4-Eslovénia: 2 pontos

Grupo D

1ª jornada

11 de junho, em Amesterdão
Holanda - República Checa: 1-0
(F.de Boer, aos 89m)


11 de junho, em Bruges
França - Dinamarca: 3-0
(Blanc, aos 16m, Henry, aos 64m, Wiltord, aos 90m)


2ª jornada

16 de junho, em Roterdão
Holanda - Dinamarca: 3-0
(Kluivert, aos 57m, R.de Boer, aos 66m, Zenden, aos 77m)

16 de junho, em Bruges
República Checa - França: 1-2
(Poborsky, aos 35m)
(Henry, aos 7m, Djorkaeff, aos 60m)

3ª jornada


21 de junho, em Amesterdão
Holanda - França: 3-2
(Kluivert, aos 14m, F.de Boer, aos 51m, Zenden, aos 59m)
(Dugarry, aos 8m, Trezeguet, aos 30m)

21 de junho, em Liège
Dinamarca - República Checa: 0-2
(Smicer, aos 63m, aos 67m

Classificação

1-Holanda: 9 pontos
2-França: 6 pontos
3-República Checa: 3 pontos
4-Dinamarca: 0 pontos

Quartos-de-final


24 de junho, em Amesterdão
Portugal - Turquia: 2-0
(Nuno Gomes, aos 44m, aos 56m)

24 de junho, em Bruxelas
Itália - Roménia: 2-0
(Totti, aos 53m, Inzaghi, aos 43m)

25 de junho, em Bruge
Espanha - França: 1-2
(Mendieta, aos 38m)
(Zidane, aos 33m, Djorkaeff, aos 44m)

25 de junho, em Roterdão
Holanda - Jugoslávia: 6-1
(Kluivert, aos 24m, aos 38m, aos 54m, Overmars, aos 78m, aos 89m, Goverdarica (p.b.), aos 51m)
(Milosevic, aos 90m)

Meias-finais

28 de junho, em Bruxelas
Portugal - França: 1-2
(Nuno Gomes, aos 17m
(Henry, aos 50m, Zidane, aos 117m)

29 de junho, em Amesterdão
Holanda - Itália: 0-0 (1-3 nas grandes penalidades)


Final

França - Itália: 2-1 (golo de ouro no prolongamento)

Data: 2 de julho de 2000

Estádio: Feyenoord, em Roterdão (Holanda)

Árbitro: Anders Frisk (Suécia)

França: Barthez, Thuran, Desailly, Blanc, Lizarazu (Pires, aos 86m), Vieira, Deschamps, Djorkaeff (Trezeguet, aos 76m), Zidane, Dugarry (Wiltord, aos 57m), e Henry. Treinador: Roger Lemerre

Itália: Toldo, Cannavaro, Nesta, Iuliano, Maldini, Pessotto, Albertino, Di Biagio (Ambrosini, aos 66m), Fiore (Del Piero, aos 53m), Totti, e Delvecchio (Montella, aos 86m). Treinador: Dino Zoff

Golos: 0-1 (Delvecchio, aos 55m), 1-1 (Wiltord, aos 90m), 2-1 (Trezeguet, aos 103m)

Vídeo: FRANÇA - ITÁLIA

Melhores marcadores:
Kluivert (Holanda) e Milosevci (Jugoslávia): 5 golos

Onze ideal:

Toldo (Itália)
Thuran (França)
Cannavaro (Itália)
Blanc (Itália)
Stam (Holanda)
Vieira (França)
Figo (Portugal)
Davids (Holanda)
Zidane (França)
Kluivert (Holanda)
Milosevic (Jugoslávia)


Legenda das fotografias:
1-Logotipo do Euro 2000
2-Fase do jogo entre belgas e turcos, que ditou o afastamento dos co-anfitriões da fase seguinte
3-Turquia e Suécia protagonizaram um dos dois empates a zero bolas da primeira fase
4-Di Biagio festeja um golo ante a Suécia
5-Paul Scholes aponta o primeiro golo da Inglaterra no Euro 2000
6-Alemães não conseguiram vencer os romenos...
7-... e perderam com a velha inimiga Inglaterra, graças a um golo de Alan Shearer
8-Hagi tenta desenvencilhar-se de Paulo Bento
9-O eletrizante jogo entre eslovenos e jugoslavos
10-Esloveno Zahovic aqui em luta com um norueguês
11-Overmars tenta bater Schmeichel
12-Holandês Davids travado em falta pelo francês Vieira
13-Festejos holandeses na goleada aos jugoslavos
14-Figo e Nuno Gomes, duas das estrelas portuguesas durante o Europeu 2000
15-Zidane, o mago francês passa pelo espanhol Guardiola
16-Mão de Abel Xavier que ditou o afastamento de Portugal da final
17-Mais um penalti falhado pela Holanda na meia-final
18-Fase da grande final de Roterdão
19-Alemanha
20-Inglaterra
21-Bélgica
22-Suécia
23-Turquia
24-Noruega
25-França
26-Holanda
27-Portugal 
28-Lance da final
29-França celébra o segundo título europeu da sua história
30-Kluivert
31-Milosevic
32-Trezeguet, o homem de ouro da final