quarta-feira, abril 16, 2008

Estrelas cintilantes (13)... Guillermo Stábile

Vamos hoje visitar outro herói da bola da primeira metade do século passado, mais precisamente dos anos 20 e 30. Um homem que viu o seu nome ser perpetuado no Atlas do Futebol Mundial por ter sido o primeiro artilheiro de um Campeonato do Mundo. Esse homem é Guillermo Stábile, nascido a 7 de Janeiro de 1905 em Buenos Aires, na Argentina. Goleador eximio Stábile começou a sua carreira no Club Atlético Huracán, de Buenos Aires, onde actuou como atleta amador entre 1920 e 1930. Por este emblema das pampas conquistou inúmeros títulos amadores, pois convém referir que a 1ª Divisão Nacional argentina apenas seria fundada em 1931.
1930 seria o ano em que Stábile se daria a conhecer ao Mundo inteiro. O ano em que foi convocado para representar a sua selecção no primeiro Mundial de futebol da FIFA, no Uruguai, onde se sagrou vice-campeão do Mundo. E se o Uruguai venceu o título mundial Stábile venceria o título de melhor marcador da competição, com um total de oito golos apontados em quatro jogos realizados. Estes seriam, aliás, os únicos jogos em que vestiria a camisola do seu país.
Fez o seu primeiro jogo no Mundial de 1930 diante do México, substituindo o habitual titular da linha avançada das pampas Roberto Cherro que se lesionara no primeiro encontro da sua equipa na competição. O jogo diante dos mexicanos terminou com a vitória da Argentina por 6-3 e Stábile marcou... três golos. No último jogo da fase de grupos os argentinos defrontaram o Chile e venceram por 3-1, com Stábile a fazer o gosto ao pé por duas vezes.
Nas meias-finais a Argentina esmagou os Estados Unidos da América por 6-1 e o nosso craque de hoje apontou mais dois golos, ajudando desta forma a sua equipa a chegar à final.
E no dia 30 de Junho de 1930 Uruguai e Argentina subiram ao relvado do majestoso Estádio Centenário, em Montevideo, para disputar o primeiro título mundial da história. O resultado final, como já aqui aludimos em várias ocasiões, cifrou-se num 4-2 a favor dos charruas, com Stábile a deixar a sua marca pessoal no encontro ao apontar o segundo golo argentino.
Sagrava-se desta forma como o primeiro melhor marcador da história de um Mundial.
A excelente campanha no Uruguai valeram-lhe vários convites de equipas europeias, tendo na temporada de 1930/31 defendido as cores dos italianos do Génova, onde permaneceria até 1935. Mudaria-se depois para o Nápoles, onde apenas jogaria uma temporada (1935/36).
De 1936 a 1939 actuou em França, no Red Star de Paris, clube onde findou a sua carreira de futebolista.
Após pendurar as chuteiras tornou-se treinador, e também nesta área o seu nome brilharia a grande altura. Foi seleccionador argentino entre 1939 e 1960 tendo vencido seis Copas Américas (1941, 1945, 1946, 1947, 1955 e1957)!!! Antes de pegar nos comandos da selecção do seu país trabalhou como treinador/jogador no Génova (1931/32) e como treinador no Red Star de Paris (de 1937 a 1940). Na Argentina orientou as equipas do Huracán (entre 1940 e 1949) e do Racing Club (entre 1949 a 1960). Faleceu na sua cidade natal a 27 de Dezembro de 1966.

sábado, abril 12, 2008

Faleceu uma (grande) figura do jornalismo desportivo... Manuel Dias

É com muita tristeza que o Museu Virtual do Futebol abre hoje as suas portas para comunicar o desaparecimento de um dos grandes nomes do jornalismo desportivo nortenho, e porque não dizê-lo de todo o país, mais concretamente Manuel Dias. Um homem por quem eu tenho uma grande admiração enquanto profissional, uma grande referência para mim que me considero um mero aprendiz na arte de escrever. Manuel Dias é um dos meus ídolos, por assim dizer, no jornalismo desportivo, e foi com profunda tristeza que hoje de manhã ao passar os olhos pelos jornais do dia dei com a notícia da sua morte. Para quem não o conhece, o que julgo serem poucos, Manuel Artur dos Santos Dias, o seu nome completo, nasceu a 19 de Julho de 1934, na freguesia da Vitória, no Porto. Iniciou a profissão de jornalista em 1965 no O Primeiro de Janeiro (PJ), onde assinou milhares de crónicas e reportagens ao serviço deste ilustre diário portuense. Ficaria conhecido nos meandros do jornalismo como o Manel Dias, do Janeiro. Com o PJ este homem percorreu o Mundo, acompanhando diversas comitivas oficiais e equipas de futebol. O Desporto Rei era uma das suas grandes paixões, sendo esta a área em que se tornaria um mito nesta profissão. Era adepto confesso do Futebol Clube do Porto, tendo escrito vários livros sobre este clube. Ele que escreveu tão grandes e diversos factos históricos da vida do maior clube da Invicta como a inauguração do já desaparecido Estádio das Antas, ou as primeiras vitórias europeias dos portistas. Depois de trabalhar no PJ Manuel Dias "transferiu-se" para a RTP/Porto, onde continuou a sua brilhante carreira de jornalista desportivo. Passaria mais tarde por outro diário de referência da cidade do Porto, o Jornal de Notícias, onde permaneceria até à hora da sua morte. Para além do jornalismo desportivo também se destacou no jornalismo cultural, tendo sido autor de diversos livros dedicados à vertente cultural. Esteve, aliás, ligado a várias associações culturais do Porto. Esteve ligado ao teatro também, e foi o co-autor de "Um cálice de Porto", peça exibida pelo Seiva Trupe. Tive a oportunidade, e a honra, de conhecer pessoalmente este homem aquando do lançamento de uma das suas muitas obras literárias dedicadas ao futebol, mais concretamente o livro "Futebol no Porto", lançado em 2001. Morreu ontem, com 73 anos, vítima de doença que o afectava há mais de um ano um homem que vai ficar na história do jornalismo desportivo.

quinta-feira, abril 10, 2008

Grandes Mestres da Táctica (3)... Bill Jeffrey

Pode não ser - tão - conhecido mundialmente como José Mourinho, Arséne Wenger, ou Alex Fergusson, ou não ter o seu nome escrito a letras de ouro no capítulo "melhores treinadores do Mundo" da história do futebol como Victorio Pozzo, Bobby Robson, Alf Ramsey, Miguel Muñoz, César Luis Menotti, Telê Santana, Bill Shankly, entre outros, mas merece, sem margem para dúvidas, ter nem que seja uma linha dedicada à sua pessoa no grande Atlas do Futebol Mundial. Falamos de Bill (diminuitivo de William) Jeffrey, o homem que arquitectou a maior surpresa de todos os tempos no planeta da bola, um facto ocorrido no Mundial de 1950 (decorrido no Brasil) quando os amadores dos Estados Unidos da América (EUA) derrotaram a super-potência mundial da altura, a Inglaterra, por 1-0. Jogo esse que aliás, já aqui falámos no Museu em várias ocasiões.
Bill Jeffrey era o treinador dos norte-americanos nesse célebre jogo, entrando desta forma para a galeria dos imortais do futebol mundial. A nossa personalidade de hoje nasceu a 3 de Agosto de 1892, em Edimburgo, na Escócia, tendo emigrado em 1920 para os EUA onde se tornou futebolista semi-profissional, tendo jogado nas equipas do Altoona, Homestead, Braddock, e do Bethlehem. Finda a carreira de futebolista tornou-se então treinador. E nesta área para além do feito histórico de ter vencido a Inglaterra em 1950 Jeffrey tem como principal feito o facto de ter vencido 9 Campeonatos Nacionais Universitários ao serviço da equipa do Penn State. Pela mítica vitória sobre os ingleses no Mundial de 1950 Jeffrey entrou para a história do soccer norte-americano, e como tal a Associação Nacional de Treinadores daquele país criou um prémio com o seu nome. Prémio esse que é atribuido anualmente ao melhor treinador do país. Faleceu a 7 de Janeiro de 1966. O seu nome está perpetuado no National Soccer Hall of Fame (museu de futebol) dos EUA.

segunda-feira, abril 07, 2008

Grandes lendas do futebol mundial (6)... José Nasazzi - O general de uma geração de ouro

Vamos hoje dar um pulinho à vitrina destinada às grandes lendas do futebol para conhecer um pouco do perfil de um dos magos do futebol uruguaio. Um homem que ficará eternamente ligado às gloriosas décadas de 20 e 30 do futebol charrúa, tempos onde os uruguaios dominaram o mundo da bola, domínio esse expresso na conquista de dois títulos olímpicos (1924 e 1928) e um mundial (1930). Esse homem foi o líder e capitão dessas mágicas selecções uruguaias e dá pelo nome de José Nasazzi.
Nasceu a 24 de Maio de 1901, em Montevideo, e foi um dos maiores defesas centrais da história do desporto rei. O seu futebol de raça e vontade encantou o povo uruguaio. Era um jogador muito forte fisicamente, tenho muitas vezes sido acusado de ser um jogador violento pela forma como encarava o jogo.
Era conhecido entre os colegas como o Marechal, e entre os adversários, como el terrible. Tornou-se num dos mais laureados jogadores do seu país, sendo juntamente com Pedro Cea, Héctor Scarone e José Leandro Andrade o jogador que esteve em todas as conquistas da selecção uruguaia de futebol nos anos 20 e 30.
Iniciou a sua carreira desportiva em pequenos clubes como o Lito e o Roland Moor, até que em 1921 chegou aos quadros do recém-fundado Bella Vista onde cumpriu uma década em grande. Em 1925 envergou as cores do Nacional de Montevideo numa digressão que esta equipa fez pela Europa. Pelos nacionalistas Nasazzi actuaria definitivamente a partir de 1932, defendendo as suas cores até 1936, ano em que colocou um ponto final na carreira. Com esta equipa ganhou os campeonatos uruguaios de 1933 e 1934.
Cortador de mármore na época que o futebol era amador em quase todo o mundo, Nasazzi teve reconhecimento internacional em Paris,em 1924, e em Amesterdão, em 1928, quando os uruguaios encantaram os europeus nas competições de futebol nos Jogos Olímpicos, e na já citada excursão do Nacional.
Mas o momento mais importante da sua carreira ocorreu em 1930, quando o seu país acolheu o primeiro Campeonato do Mundo da história. Mundial que seria vencido – como já aqui frisámos em várias ocasiões - pelos uruguaios capitaniados pelo mago Nasazzi.
Actuou 39 vezes pela Celeste Olímpica.Chegou a jogar como avançado na histórica excursão que o Nacional fez na Europa, tendo marcando em 10 ocasiões.
Depois de terminada a carreira desportiva foi líder sindical. O estádio do Club Atlético Bella Vista tem o seu nome. José Nasazzi morreria na sua cidade natal em 17 de Junho de 1968.